1/17/2012

JOSÉ PAULO PAES E A LITERATURA QUE ENCANTA ADULTO E CRIANÇA

Resumo

O objetivo deste trabalho é fornecer dados sobre a produção poética de José Paulo Paes, partindo de uma análise que acompanha a sua biografia e não de uma perspectiva da escola literária ao qual ele está inserido, o que seria mais usual. A proposta é fazer um levantamento da sua poesia desde os seus primórdios até o momento em que o poeta alcança a consagração enquanto escritor da literatura nacional. O encantamento de José Paulo Paes com a poesia pré-modernista de Augusto dos Anjos, o contato com a produção literária de Machado de Assis, bem como com o trabalho de Edgar Allan Poe são fatores relevantes para a construção poética do autor em questão, assim como são relevantes também a sua amizade com os modernistas Mário de Andrade, Drummond de Andrade e outros. É dentro desse quadro que se estabelece a produção poética de José Paulo Paes e é dentro desse enfoque que este trabalho o busca analisar.

Palavras-chave: literatura. Poesia. Ludicidade. Produção.


Résumé
L'objectif de ce document est de fournir des données sur la poésie de Paulo José Paes, à partir d'une analyse biographique et non dans la perspective de l'école littéraire à laquelle elle est insérée, ce qui serait plus habituelle. La proposition est de faire une enquête sur sa poésie de ses débuts à l'instant où le poète atteint la consécration en tant qu'écrivain dans notre littérature. L'enchantement de Paes Paulo José avec la poésie pré-moderniste d'Augusto dos Anjos, le contact avec l'œuvre littéraire de Machado de Assis, et le travail d'Edgar Allan Poe sont des facteurs pertinents à la construction poétique de l'auteur en question, ainsi que est également pertinent pour son amitié avec moderniste de Mário de Andrade, Drummond de Andrade et d'autres. C'est dans ce cadre qui définit la poésie de Paulo José Paes et c'est dans cette perspective que le présent document vise à analyser

Mots-clés: Littérature. Poésie. Enjouement. production


INTRODUÇÃO
Apesar de sua literatura ser ainda desconhecida do grande público, algo que se justifica pela aversão de uma parte da critica literária por poesias infantis, José Paulo Paes começa a ganhar espaço entre os grandes poetas brasileiros. Este trabalho tenciona fazer um apanhado da produção poética deste autor a partir de suas vivências, suas influências, sua biografia.

    A decisão de se falar da produção poética de José Paulo Paes de acordo com as suas experiências biográficas tem a ver principalmente com o fato de que este poeta era avesso a qualquer forma de convenção, ele entendia que apesar de pertencer cronologicamente à geração modernista de 45 tinha mais características em comum com os primeiros modernistas, a geração de 20, como Mário de Andrade, Drummond de Andrade, Oswald de Andrade e outros escritores de sua época.

    Além das influências literárias José Paulo Paes foi fortemente marcado pelos intelectuais com quem conviveu e pelos lugares que freqüentou como o circulo do café belas-artes, um lugar que reunia escritores, jornalistas e toda sorte de pessoas interessadas nas artes.

    Desde a sua tenra idade até os seus últimos dias de vida, o escritor José Paulo Paes não cessou de receber influências e de ser ele próprio a influência para vários outros escritores que se iniciavam nos rumos da literatura, sobretudo a literatura infantil a que foi mais expressivo. Com toda versatilidade de um poeta modernista e fruto de uma geração de escritores que bebeu de todas as fontes José Paulo Paes só poderia ter uma poesia que encanta adulto e criança.

1 SOBRE JOSÉ PAULO PAES

    Nascido em Taquaritinga- São Paulo á 22 de julho de 1926, José Paulo Paes foi um dos mais importantes poetas da nossa literatura, mas além de escritor José Paulo Paes foi também um respeitável tradutor de obras literárias como os poemas do poeta inglês Levis Carroll e de clássicos da lingüística, sobretudo da semiótica, área em que tinha grande interesse. Ele era fluente nas línguas inglesa e francesa, que aprendeu quando ainda cursava o ensino ginasial, ele também traduziu obras de escritores russos, idioma que estudou e aprendeu sozinho com as suas habilidades de autodidata.

1.1 Amava a literatura e a química

    José Paulo Paes era um leitor voraz e amante incondicional da literatura que aprendeu a gostar quando ainda morava na casa de seus avôs, mas apesar de seu amor ás letras o escritor paulista tinha apenas uma formação técnica no curso de química que era também uma de suas paixões, sobre a sua escolha pelo ramo da química, José Paulo Paes esclarece:

Um curso universitário exigira mais oito anos de estudo. Era de mais para quem queria se livrar o quanto antes da dependência financeira para com o pai e cuidar da própria vida. Ainda que atraído pela literatura, nem de longe me passou pela cabeça cursar letras, de onde eu sairia professor de português [...] não gostava de escola. Achei então que um curso de técnico de química seria uma boa opção. (PAES, 1996, P.29)

    Outra razão que contribuiu para que José Paulo Paes optasse pelo curso de química foi o fato dele ter sido fortemente afetado pelos quadrinhos que traziam as aventuras de Flash Gordon e posteriormente pelo seriado de televisão do mesmo super-herói.

Penso que as histórias de Flash Gordon deve ser creditado o meu precoce interesse pelas ciências, em particular pela química. Num quartinho de madeira feito especialmente por meu pai nos fundos do quintal, montei meu laboratório. Para equipá-lo além de vidro de remédios vazios [...] provetas, copos graduados, tubos de ensaio e varetas de vidro, daquelas que se podem modelar no fogo. (PAES, 1996, P. 17)

    José Paulo Paes trabalhou por vários anos na indústria química até se decidir pela literatura, atitude que teve total apoio de sua esposa Dora para quem ele dedicaria todas as suas poesias. Dora além de esposa era a principal incentivadora da produção de José Paulo Paes.

.2 Sobre o ginásio

    Quando José Paulo Paes sai de Taquaritinga e vai morar em Araçatuba, onde cursa o ensino ginasial, ele entra em contato com uma produção literária que até então lhe era desconhecida, entre as obras com as quais toma contato nesse período destacam-se ‘o Corvo’ de Edgar Allan Poe, ‘Dom Casmurro’ e ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ de Machado de Assis e ‘Eu e outras poesias’ de Augusto dos Anjos. Sobre a influência de Augusto dos Anjos em sua produção poética José Paulo Paes afirma:

“‘Eu’ me pus a imitar desavergonhosamente os poemas cemiteriais do Eu e outras poesias. Embora, no vigor da puberdade, eu estourasse de saúde por todos os poros, nos versos que então escrevi só falava de doença e envelhecimento.” (PAES, 1996, p.28)

    Sobre o poema o ‘corvo’ de Edgar Allan Poe, Paes (1996, p. 27) escreveu “apressei-me a ler o poema. E me encantei com a figura fatídica do corvo a repetir o seu ‘nunca mais! ’, cada vez com um novo significado, para marcar o desconsolo pela perda da mulher amada, a desolação da viuvez e a irreparabilidade da morte”. Foi por essa época que José Paulo Paes produziu um poema intitulado ‘A Edgar Allan Poe’ em que presta uma homenagem ao poeta estadunidense referendando o famoso poema ‘O Corvo’.

Fecha-se um homem no quarto
E esquece a janela aberta.
Pela janela entra um corvo.
O homem se desconcerta.

Desconcertado, invectiva-o
De anjo, demônio, adivinho.
Pede-lhe mágicas, mapas,
Soluções, chaves, caminhos.
Mas, ave de curto vôo,
O corvo sorri de pena.
Murmura vagas palavras.
Não absolve, não condena.

Cala-se o homem, frustrado,
(o egocentrismo desgosta)
E, a contragosto, percebe
Que o eco não é resposta. (PAES, 1998, p.105)

Anos mais tarde José Paulo Paes publica o poema intitulado “a casa”, em que revela o tom sombrio e fantasmagórico oriundos da forte influência de Edgar Allan Poe em sua poesia. Conta o poeta que este poema fora criado a partir de um sonho e que neste sonho ela era um menino voador que era levado por um pássaro até a antiga casa de seu avô em Taquaritinga.

Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.
Na livraria, há um avô que faz cartões de boas festas com corações de purpurina.
Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.
Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.
No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.
Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.
Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.
Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.
No quintal, um preto velho que morreu na guerra do Paraguai rachando lenha.
E no telhado um menino medroso que espia a todos eles; só que está vivo: trouxe-o até ali o          pássaro dos sonhos.
Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vedam-na depressa.
Antes que ele acorde e se descubra também morto. (PAES, 1998, p.182)

Nesse período ele também se encanta com os romances machadianos em que percebe a predominância do tempo psicológico, característica que diferia das suas leituras de infância. A esse respeito José Paulo Paes (1996, p. 27) afirma:

[...] as reflexões, entre amargas e cínicas, entremeadas à desacidentada narrativa do D. Casmurro e das Memórias póstumas de Brás Cubas iriam mostrar-me que um romance não precisa estar recheado de situações de perigo nem ter necessariamente personagens de estatura heróica para prender a atenção do leitor.

    Tempos mais tarde, com uma leitura mais madura das obras de Machado de Assis o poeta José Paulo Paes escreveu dois ensaios chamados Gregos e baianos ambos publicados no ano de 1985.

1.3 Sobre o café belas-artes

    Quando se muda para Curitiba José Paulo Paes trava contato com um grupo de intelectuais que tinha como objetivo renovar a poesia e levar as inovações modernistas para o Paraná. Esse grupo de intelectuais formado em sua maioria por jornalistas, escritores, artistas plásticos, músicos, comunistas e pequenos corretores tinha como ponto de encontro o café belas-artes que se situava na rua quinze.

    José Paulo Paes eterniza o café belas-artes, fechado logo após a sua partida de Curitiba, em um poema chamado “balada das belas-artes” publicado no livro “Prosas seguidas de Odes mínimas” ele presta homenagem ao lugar onde se reunia com amigos para discutir literatura.

Sobre o mármore das mesas
do Café Belas-Artes
os problemas se resolviam
como em passe de mágica.

 [...]

O verso vinha fácil
o conto tinha graça
a música se compunha
o quadro se pintava.

Doía muito menos
a dor-de-cotovelo,
nem chegava a incomodar
a falta de dinheiro.

Para o sedento havia
um copo de água fresca,
média pão e manteiga
consolavam o faminto.

Não se desfazia nunca
a roda de amigos;
o tempo congelara-se
no seu melhor minuto.

  [....] (PAES, 1996, p .36)

           


1.4 A carta de Drummond

    A carta que Carlos Drummond de Andrade Enviara a José Paulo Paes se tornou um divisor de águas em sua produção literária, tanto que após muitos anos quando já era um escritor consagrado ele afirmava que a carta de Drummond o tirara das nuvens e o colocará no chão que é o lugar onde todo escritor deve estar. Entre outras coisas a carta dizia:

“V. tem um sentimento poético indubitável, maneja o verso livre com bastante segurança rítmica, nunca resvala no mal-gosto – mas v. ainda não me parece v., que terá de se encontrar. [...] Para fugir aos modelos nacionais, leia os estrangeiros; é contrapeso excelente, e imitação por imitação, a dos últimos nos faz ir mais longe e nos universaliza mais, isto é, traz consigo mesma a possibilidade de libertação.” (PAES, 1996, p.38).

    Depois da carta de Carlos Drummond de Andrade, José Paulo Paes passa a buscar em sua poesia a realização de uma escrita que tenha mais a ver com a sua perspectiva e com o seu olhar do que com algo que lembre as vozes de outros poetas, em particular os da geração de 22 é por esse período que se sobressai em sua literatura o poema piada, o poema de engajamento e na ultima fase de sua produção poética a poesia infantil.

1.5 Sobre Dora

    José Paulo Paes foi casado com a bailarina Dora, que foi o seu grande amor. Para Dora José Paulo Paes dedicou diversos poemas. Sobre a convivência com Dora José Paulo Paes (1996. P. 63) escreve: “Desde que nos casáramos, ela nunca havia deixado de trabalhar; seus ganhos se somavam aos meus para fazer frente às despesas da casa. Conosco não havia o meu e o teu; havia o nosso. E o nosso trem de vida era e continua a ser modesto”. Entre os poemas dedicados à Dora destacam-se “madrigal” em que ainda predomina a forte influência do poema piada herdado da geração de 22 e “De mãos unidas” de caráter confessional.

MADRIGAL
Meu amor é simples, Dora,
Como a água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão. (PAES, 1998, p.69)



DE MÃOS UNIDAS
Nossa vida
Construímos
A cada passo,
A cada minuto,
A cada esquina
De mãos unidas. (PAES, 1996, p.49)

1.6 Sobre Glaura

    Glaura foi à filha de José Paulo Paes que morreu ainda recém-nascida. Depois de Glaura ele não teve outros filhos, mas a rápida passagem de Glaura deixou em José Paulo Paes um profundo sentimento de saudade que se notabilizou em sua poesia. Para Glaura José Paulo Paes escreveu um poema intitulado “nana para Glaura” onde faz uma relação entre o sono de uma criança e a morte da filha.

Dorme como quem
Porque nunca nascida
Dormisse no hiato
Entre a morte e a vida.
Dorme como quem
Nem os olhos abrisse
Por saber desde sempre
Quanto o mundo é triste.
Dorme como quem
Cedo achasse abrigo
Que nos meus desabrigos
Dormirei contigo. (PAES, 1996, p.50)

1.7 Sobre as pernas

    José Paulo Paes sofria de um sério problema na perna direita, se tratava de uma gangrena que da qual se curou, mas tempos depois ela voltou atacando agora a perna esquerda que teve de ser amputada. Para a sua perna amputada José Paulo Paes escreveu um poema intitulado “ode a minha perna esquerda”.



Chegou a hora
de nos despedirmos
um do outro, minha cara
data vermibus
perna esquerda.
A las doce en punto
de la tarde
vão-nos separar
ad eternitatem.
Pudicamente envolta
num trapo de pano
vão te levar
da sala de cirurgia
para algum outro (cemitério
ou lata de lixo
que importa?) lugar
onde ficarás à espera
a seu tempo e hora
do restante de nós
[...]
Longe
do corpo
terás doravante
de caminhar sozinha
até o dia do juízo.
Não há
pressa
nem o que temer:
haveremos
de oportunamente
te alcançar

Na pior das hipóteses
se chegares
antes de nós
diante do juiz
coragem:
não tens culpa
(lembra-te)
de nada.
Os maus passos
Quem os deu na vida
Foi a arrogância
Da cabeça
A afoiteza
Das glândulas
A incurável cegueira
Do coração.
Os tropeços
Deu-os a alma
Ignorante dos buracos
Da estrada
Das armadilhas
Do mundo.
Mas não te preocupes
Que no instante final
Estaremos juntos
Prontos para a sentença
Seja ela qual for
Contra nós
Lavrada:
As perplexidades
De ainda outro lugar
Ou a inconcebível
Paz Do Nada. (PAES, 1996. P.68-69)



1.8 Sobre a produção poética de José Paulo Paes

        Ao todo José Paulo Paes soma quase trinta obras publicadas que são geralmente divididas em poemas para adultos e poemas infantis, apesar de o próprio José Paulo Paes não simpatizar muito com essa divisão. As obras para o publico adulto e que representam primeira fase do escritor são, a saber: O aluno, 1947; Cúmplices, 1951; Poemas reunidos, 1961; Anatomias, 1967; Meia palavra, 1973; Resíduo, 1980; Um por todos, 1986; A poesia está morta, mas juro que não fui eu, 1988; Prosas seguidas de odes mínimas, 1992; A meu esmo, 1995 e De ontem para hoje, 1996.

A primeira fase de sua poesia em que se verifica a forte influência da geração de 22 é marcado por uma forte uma produção engajada com certa influência do movimento concretista é desse período o poema “cristandade” em que nota-se o tom irônico e denunciativo na sua poesia.

Padre açúcar
Que estás no céu
Da monocultura,
Santificado
Seja o nosso lucro,
Venha nós o vosso reino
De lúbricas mulatas
E lídimas patacas,
Seja feita
A vossa vontade
Assim na casa grande
Como na senzala.
O ouro nosso
De cada dia
Nos dai hoje
E perdoai nossas dívidas
Assim como perdoamos
O escravo faltoso
Depois de puni-lo.
Não nos deixeis cair em tentação
De liberalismo,
Mas livrai-nos de todo
remorso, amém. (PAES, 1996, p.50)

1.9 Sobre a produção infantil de José Paulo Paes

           José Paulo Paes foi um poeta que transitou entre os mais diversos rumos da literatura, foi tradutor, ensaísta, crítico literário e acima de tudo foi um poeta que mostrou em sua poesia as mais diversas influências desde a poesia engajada de caráter contestador até a poesia infantil que tinha como intenção maior o divertimento.

Das poesias infantis José Paulo Paes escreveu É isso ali, 1984; Olha o bicho, 1989; Poemas para brincar, 1990; O menino de olho d’Água, 1991; Uma letra puxa a outra, 1992; Um número depois do outro, 1993; Lé com Cré, 1993;Um passarinho me contou, 1996.

Fato curioso na história de José Paulo Paes no que diz respeito à literatura infantil é que ele sempre sentiu grande aversão pelas poesias infantis encontradas nos manuais do ensino ginasial. Para José Paulo Paes aquelas poesias não chamavam a atenção das crianças por não possuírem graça e não representarem à realidade de uma criança. Ele faz a analise de um antigo poema encontrado nesses manuais.

“Achei um relógio”
Gritava Janjão,
Pulando contente
Com ele na mão.
“Achei um relógio
Com uma corrente.
Que belo! Que belo!
Agora sou gente!”

Quanta besteira, pensava eu comigo. Quem seria descuidado a ponto de perder um relógio de bolso com corrente e tudo? Eu, se achasse algum, ficava era de boca fechada. Não ia me pôr a gritar feito imbecil “Que belo! Que belo!”, exclamação de mariquinhas, não de menino que se prezava. (PAES, 1996. p.16)
           
            A poesia de José Paulo Paes diferencia-se das demais poesias infantis, justamente por trazer o riso, a alegria e o lúdico de uma maneira muita criativa em que se sobressai os jogos de palavras e as rimas com histórias muito bem elaboradas que prendem a atenção tanto de adultos quanto de crianças. Prova disso é o poema “cemitério” em que o poeta faz uso das rimas e do jogo de palavras.
1
Aqui jaz um leão
Chamado augusto
Deu um urro tão forte
Mas um urro tão forte
Que morreu de susto
2
Aqui jaz uma pulga
Chamada Cida,
Desgostosa da vida
Tomou inseticida
Era uma pulga suiCida.
3
Aqui jaz um morcego
Que morreu de amor
Por outro morcego.
Desse amor arrenego:
Amor cego, o de morcego!
4
Neste túmulo vazio
Jaz um bicho sem nome.
Bicho mais impróprio!
Tinha tanta fome
Que comeu-se a si próprio. (PAES, 1996. P.16)


CONSIDERAÇÕES FINAIS
           
      José Paulo Paes tem seu lugar garantido entre os grandes nomes da literatura brasileira, sobretudo porque soube usar todo o seu potencial criador para desenvolver uma poesia totalmente diferenciada.O aprimoramento de sua poesia infantil foi resultado de muito labor literário e ao contrário das poesias infantis insossas e pedagogizantes que ele encontrara em seus manuais José Paulo Paes acreditava que era (PAES, 1996. P.16) "É pelo trampolim do riso, não pela lição de moral, que se chega ao coração das crianças. Até lá procuraria eu chegar com as brincadeiras de palavras de meus poemas infantis".

        José Paulo Paes morreu, mas a sua obra permanece cada vez mais viva e conhecida em todo mundo provando que a sua poesia superou o tempo de sua criação e alcançou outras gerações, confirmando o talento de seu autor e a beleza de sua obra.

        Apesar de ter sido reconhecido como grande poeta ainda em vida, José Paulo Paes entendia que não estava à altura de Manuel Bandeira, por exemplo, e se auto denominava um poeta como outro qualquer. Para PAES (1996, p.78) “De minha parte, ufano do título de um poeta como outro qualquer, [...] pretendo me consagrar à poesia até o penúltimo poema. Porque não chegarei, a saber, que era o último.”.




REFERÊNCIAS

PAES, José Paulo. Quem, eu? Um poeta como outro qualquer. 4. ed. São Paulo: Atual, 1996.
PAES, José Paulo. Melhores poemas. Seleção de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Global, 1998.
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Áti
PAES, José Paulo. Lé com Cré. São Paulo: Ática, 1994. ca, 1994.
Revista Cult. Entrevista: A aventura Literária de José Paulo Paes. Número 22. maio de 1999. São Paulo: Lemos.

6/05/2011

O DIREITO À LITERATURA






    O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio desligado dos problemas reais: "Direitos humanos e literatura". As maneiras de abordá são muitas, mas não posso começar a faÌar sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito dos próprios direitos humanos. 
    
    É impressionante como em nosso tempo somos contraditórios neste capítulo, Começo observando que em comparação a eras passadas chegamos a um máximo de racionalidade técnica e de domínio sobre a natureza. Isso permite imaginar a possibilidade de resolver grande número de problemas materiais do homem, quem sabe inclusive o da alimentação.No entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima, servida frequentemente pelos mesmos meios que deveriam realizar os desígnios da racionalidade.

     Assim, com a energia atômica podemos ao mesmo tempo gerar força criadora e destruir a vida pela guerra; com o incrível progresso industrial aumentamos o conforto até alcançar níveis nunca sonhados, mas excluímos dele as grandes massas que condenamos à miséria; em certos países, como o Brasil, quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima distribuição dos bens. Portanto, podemos dizer que os mesmos meios que permitem o progresso podem provocar a degradação da maioria.
    
    Ora, na Grécia antiga, por exemplo, teria sido impossível pensar numa distribuição equitativa dos bens materiais, porque a técnica ainda não permitia superar as formas brutais de exploração do homem, nem criar abundância para todos. Mas em nosso tempo é possível pensar nisso, e no entanto pensamos relativamente pouco. Essa insensibilidade nega uma das linhas mais promissoras da história do homem ocidental, aquela que se nutriu das ideia amadurecidas no correr dos séculos XVIII e XIX, gerando o liberalismo e tendo no socialismo a sua manifestação mais coerente. 

        Elas abriram perspectivas que pareciam levar à solução dos problemas dramáticos da vida em sociedade, E de fato, durante muito tempo acreditou-se que, removidos uns tantos obstáculos, como a ignorância e os sistemas despóticos de governo,as conquistas do progresso seriam canalizadas no rumo imaginado pelos utopistas, porque a instrução, o saber e a técnica levariam necessariamente à felicidade coletiva.

    No entanto,mesmo onde estes obstáculos foram removidos a barbárie continuou entre os homens. Todos sabemos que a nossa época é profundamente bárbara,embora se trate de uma barbárie ligada ao máximo de civilização. Penso que o movimento pelos direitos humanos se entronca aí, pois somos a primeira era da história em que teoricamente é possível entrever uma solução para as grandes desarmonias que geram a injustiça contra aqueles que lutam, os homens de boa vontade à busca, não mais do estado ideal sonhado pelos utopistas racionais que nos antecederam, mas do máximo viável de igualdade e justiça,em correlação a cada momento da história. 

    Mas esta verificação desalentadora deve ser compensada por outra mais otimista: nós sabemos que hoje os meios materiais necessários para nos aproximarmos desse estágio melhor existem, e que muito do que era simples utopia se tornou possibilidade real. Se as possibilidades existem,a luta ganha maior cabimento e se torna mais esperançosa, apesar de tudo o que o nosso tempo apresenta de negativo.

    Quem acredita nos direitos humanos procura transformar a possibilidade teórica em realidade, empenhando-se em fazer coincidir uma com a outra. Inversamente, um traço sinistro do nosso tempo é saber que é possível a solução de tantos problemas e no entanto não se empenhar nela. Mas de qualquer modo, no meio da situação atroz em que vivemos há perspectivas animadoras.

     É verdade que a barbárie continua até crescendo, mas não se vê mais o seu elogio, como se todos soubessem que ela é algo a ser ocultado e não proclamado.Sob este aspecto, os tribunais de Nuremberg foram um sinal dos tempos novos, mostrando que já não é admissível a um general vitorioso mandar fazer inscrições dizendo que construiu.

LITERATURA DISTÓPICA: o desencanto, a utopia e a antiutopia, a produção filosófica com suas influências na história e a ficção científica.


PROBLEMÁTICA

A partir da década de 30 surge no cenário literário mundial uma linha de escritores preocupados em retratar o mundo e como ele seria num tempo futuro de maneira que este estaria tomado pela opressão de estados totalitários e governos que se sustentariam em ideologias apenas como instrumentos em favor da manutenção de seus poderes.

Entre os escritores que compõe este tipo de literatura (que se convencionou chamar distópica) estão os ingleses Aldous Huxley, George Orwell e ainda o holandês Antony Burgess, expoentes máximos dessa corrente literária. O pessimismo e visceralidade com que descreveram o futuro da humanidade se reproduzem por metáforas que se reportam a um mundo dominado pelo controle absoluto do Estado, onde as tecnologias e os saberes científicos servem aos interesses de uma elite que domina e condiciona a população, como alerta Amaro (2003).

A questão primeira a se levantar, quando se fala de literatura distópica é se os escritos de Huxley, Orwell e Burgess, configuram-se necessariamente como um movimento literário que se difere dos padrões estéticos e temáticos das vanguardas européias? Para responder a tal questionamento outras perguntas mais devem ser suscitadas, como: o que significa o termo distopia? O que é a literatura distópica? Quais as suas características? Qual (is) a principal (is) temática (s) abordada (s)? Quais as sua influências no campo literário e filosófico? Estas indagações deverão ajudar a explicar e nos fazer entender um pouco sobre essa literatura.


OBJETIVOS

Geral 

 Identificar a literatura distópica como um movimento literário, com suas próprias características e que a diferenciam dos padrões estéticos e temáticos das vanguardas européias.

Específicos
ü   
Conhecer a importância de se estudar a literatura distópica;
ü  Definir o termo distopia na literatura e suas características;
ü  Identificar a influência da distopia no campo literário e filosófico;
ü  Analisar as principais temáticas da literatura distópica.


JUSTIFICATIVA

O desejo de investigar e de discorrer sobre a literatura distópica surgiu a partir das leituras das obras “1984” de George Orwell, “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley e de Laranja mecânica de Antony Burgess. O termo “Distopia” veio através da leitura e das análises dessas obras, posto que fosse bastante recorrente nos textos lidos, uma vez que esta palavra não muito usual fora usada pela primeira vez por um senador britânico chamado John Mil que em um discurso no parlamento inglês a utilizou para designar a idéia que se caracteriza como um contraponto à noção de Utopia, dizia Mil (1868)
 "É, provavelmente, demasiado elogioso chamar-lhes utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos, ou caco-tópicos. O que é comummente chamado Utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável."

Nesse sentido, o termo distopia significa imediatamente o reverso de utopia, pois se esta designa a idéia de um modo de vida ideal demais para se tornar realidade, já a outra representa uma metáfora caótica e horrível demais para ser praticável, contudo a distopia está de alguma forma, conectada ao mundo real. Jacoby (2010) nos fornece o conceito de Distopia:

Uma Distopia ou Antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utópica ou promove a vivência em uma "Utopia negativa”. São geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo bem como um opressivo controle da sociedade. Nelas, caem-se as cortinas, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. Assim, a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, de instituições ou mesmo de corporações.

Posteriormente o termo passou a designar uma linha de escritos que abordavam uma mesma temática com as mesmas características. Ainda Russel Jacoby seleciona algumas delas, a saber:
ü  Costumam ser contos morais, explorando como os nossos dilemas morais figurariam no futuro.
ü  Oferecem crítica social e apresentam as simpatias políticas do autor.
ü  Exploram a estupidez coletiva.
ü  O poder é mantido por uma elite pela somatização e conseqüente alívio de certas carências e privações do indivíduo.
ü  Discurso pessimista, raramente "flertando" com a esperança.

O livro “1984” de George Orwell é um exemplo clássico de literatura distópica, que segundo David Brin (2011) é o livro mais importante do século XX, pois:
“O grande mérito da ficção científica não é prever o futuro, mas pintar um futuro tão horrível que as pessoas vão lutar para que ele não aconteça. Neste sentido, “1984” é talvez o livro mais importante do século, porque, a qualquer sinal de tirania, a sociedade lembra-se do livro e luta para impedi-la.

É importante estudar a distopia na literatura em função de suas características, de suas peculiaridades, do ponto de vista da criticidade e das referências que ela enseja ao período histórico em que foi concebida. Se hoje consideramos que as histórias escritas por George Orwell, Aldous Huxley e Antony Burgess não passam de tramas bem elaboradas pelas mentes engenhosas e mãos hábeis desses autores é porque pertencemos a uma geração que não testemunhou o mundo à beira de um colapso humano ao passo que George Orwell tinha todas as razões para acreditar que o mundo seria exatamente como descreveu em “1984”.

Uma imagem muito clara de Orwell sobre o futuro foi a que o personagem Obrin descreveu em 1984: “Se queres uma imagem do futuro, pensa numa bota pisando um rosto humano - para sempre”. Esta frase mostra muito bem a noção Orwerliana de um futuro marcado pela opressão totalitária. Os autores da literatura distópica vivenciaram um momento histórico em que as nações degladiavam-se em combates que pareciam infindos, onde surgiam líderes autoritários que se autocultuavam como senhores absolutos de toda verdade e de todo poder político de que necessitassem, utilizando para esse fim todo o saber e cientifico e tecnologia que pudesse lhes servir.

A Literatura distópica não se resume apenas a uma denúncia dos governos totalitários do século XX, mas também a toda a nivelação da sociedade, a redução do indivíduo em peça para servir ao estado ou ao mercado através do controle total, incluindo o controle do pensamento (condicionamento psicológico).

O estudo da literatura distópica é importante porque pode colaborar em diversos campos do conhecimento humano, a saber:

HIPÓTESE

Esta pesquisa apóia-se na hipótese de que a Literatura distópica seria um movimento literário com características próprias e que, nesse sentido, se diferencia das escolas ou movimentos artísticos quando de seu surgimento.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

Para compreender melhor o que seja a Literatura Distópica, se faz necessário atentar para a noção de Utopia, pois a Distopia nasce a partir de um contraponto ao que seja Utopia.

Utopia significa uma idéia fantasiosa e que não pode ser realizável por conta de seu caráter idealista, por isso é que Marx nomeou os primeiros defensores do socialismo de “Utópicos”, porque propunham o advento de um socialismo a partir do auto-reconhecimento da classe capitalista como opressores da classe operária, o que para o pai do comunismo não passava de uma ilusão.

Etimologicamente, o prefixo grego "ου" significa "não", a palavra grega "topos" ("τόπος"), significa lugar. Assim, utopia significa "lugar nenhum". Já o prefixo"dis" ou "dys" ("δυσ-") significa "mau", "anormal", "estranho" e a palavra grega "topos" ("τόπος"), significa lugar, logo Distopia significa “lugar mau”, “lugar anormal” ou ainda “lugar estranho”. Assim sendo é possivel inferir que a literatura distópica se refira diretamente a um “lugar estranho” no futuro. Entendido do que trata a Distopia, torna-se agora imprescindível verificar a construção histórica do surgimento deste conceito.

A origem da Utopia

Não é possível discorrer sobre a Distopia na literatura sem que antes se entenda o que é a Utopia, qual a origem dessa palavra e o que ela representa. A primeira vez que se reconheceu o termo Utopia foi no famoso livro “A República” do filosofo grego Platão, em que ele propõe uma sociedade que considerava ideal, esta sociedade vivia na “Callipolis” (cidade bela). De acordo com Jacoby (2006) esta sociedade teria as seguintes características:
Platão imagina que o Estado, e não a família, deveria se incumbir da educação das crianças. Para isso, propõe estabelecer-se uma forma de comunismo em que é eliminada a propriedade e a família, a fim de evitar a cobiça e os interesses decorrentes dos laços afetivos.

Posteriormente no livro Utopia” de Thomas More, publicado no século XIX (aurora do capitalismo), o autor imagina uma ilha cuja forma de vida contrasta muito com a Inglaterra de seu tempo, como assinala Manoel Costa Pinto. No primeiro volume desse livro Thomas More realiza uma análise das condições de vida na Inglaterra de seu tempo e, a partir daí, começa um processo de denúncias às mazelas deixadas pelo sistema capitalista.

Já no segundo volume Thomas More imagina uma ilha que se chama Utopia- que em grego quer dizer “tal lugar não existe”. Em Utopia, não existem fábricas nem propriedade privada, todos trabalham, mas sem exageros e as jóias preciosas são brinquedos para as crianças De acordo com Pinto (2010), a visão Utópica de Thomas More é um prelúdio do socialismo Utópico que não tardaria a chegar

Já no século XIX, surgem no cenário mundial os socialistas utópicos, uma linha de pensadores inconformados com as condições de vida dos operários que viviam em um estado de verdadeira miséria nas fabricas capitalistas. Entre os socialistas utópicos, destacam-se os franceses Charles Fourier e conde de Sint. Simon. As principais mudanças reivindicadas pelo programa socialista de Fourier e Simon são a extinção da propriedade privada e a ascensão do proletariado ao poder.

Os utópicos entendiam que essas duas condições seriam realizáveis a partir do momento em que a classe capitalista se conscientizasse da sua condição de opressores e abrisse caminho para a tão sonhada ditadura do proletariado. O que no entendimento de Karl Marx é uma mera ilusão sem qualquer fundamento concreto e foram, portanto apelidados de socialistas utópicos, pois pregavam uma forma de socialismo que não poderia se viabilizar por meios práticos.

A noção de distopia surge como uma forma de desmascarar os ideais utópicos propostos por Platão em “A República”, livro em que o filósofo grego imagina uma sociedade sem propriedade privada (visão que antecipa o socialismo utópico de Charles Fourier). Platão propõe a existência de uma cidade chamada Callipolis (a cidade bela) que seria o modelo ideal de sociedade. A cidade que Platão imagina tem as seguintes características:

Partindo do princípio de que as pessoas são diferentes e por isso devem ocupar lugares e funções diversas na sociedade, Platão imagina que o estado, e não a família, deveria se incumbir da educação das crianças. Para isso propõe estabelecer-se uma forma de comunismo em que é eliminada a propriedade e a família, a fim de evitar a cobiça e os interesses decorrentes de laços afetivos.

Fazendo uma relação entre o modelo de sociedade ideal criada por Platão e a sociedade Distópica de Aldous Huxley, por exemplo, verifica-se que a única diferença entre ambas são as implicações de uma e de outra. A Distopia, como gênero literário, nasce sob o signo da 1ª e 2ª grandes guerras, conforme Pinto que destaca que a Utopia negativa ou Distopias nascem com impacto dos regimes totalitários do século XX, como uma reação e critica ao Stalinismo e Nazismo.



METODOLOGIA

Este estudo sobre a distopia na literatura está fundamentado em pesquisas bibliográficas e tem a intenção de responder à questão proposta na problemática deste pré-projeto de pesquisa.

Primeiramente será realizada a leitura de todos os livros que serão objetos de estudo desta pesquisa, ao mesmo tempo serão redigidos fichamentos dessas leituras. Em seguida será efetuada uma busca de informações na internet por meio de resenhas, resumos, artigos e documentários que ajudem na compreensão do tema. Feito isto será iniciada a leitura e fichamentos de publicações de estudiosos que se debruçaram sobre o tema proposto, entre eles: o estadunidense David Brin e o escritor estudioso brasileiro Manoel Costa Pinto.

Por último será realizado o confrontamento das idéias centrais de cada texto a partir dos estudos realizados. A pesquisa bibliográfica a ser efetuada será realizada na biblioteca da Universidade do Estado do Amapá, Biblioteca Pública do Amapá, biblioteca da Universidade Federal do Estado do Amapá, biblioteca do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), demais bibliotecas da cidade de Macapá e também por intermédio de comprados e cedidos por professores.

Sobre Gêneros Textuais




Para e escrever sempre nos utilizamos dos gêneros textuais, isto quer dizer necessariamente que os nossos enunciados e sentenças dispõem de um formato padronizado e relativamente estável de estruturação de um todo. Pode-se afirmar então que existe um repertório diverso no que diz respeito aos gêneros discursivos orais e escritos.


    A razão de ser dos gêneros discursivos deriva em grande parte da necessidade de exercer as praticas sociocomunicativas. Eles são comumente utilizados porque são dinâmicos e sofrem alterações em sua constituição e muitas vezes resultam em outros gêneros ou até mesmo novos gêneros.


    Para Bakhtin os indivíduos desenvolvem uma competência metagenérica que orienta a pratica de nossas produções sociocomunicativas e que também norteia a nossa compreensão sobre os gêneros textuais em sua construção. Esta competência possibilita a compreensão e produção dos gêneros textuais, além de nomeá-los.


    Os gêneros textuais como praticas sociocomunicativas são constituídas de um determinado modo e com certa função em dadas esferas da atuação humana, que nos permite conhecê-las e produzi-las sempre que necessário. De acordo com Bakhtin (1960, pag.36) são tipos relativamente estáveis de enunciados, presentes em cada esfera de troca: os gêneros possuem uma forma de composição e distinguem-se pelo seu conteúdo temático e pelo estilo, ou seja, todo gênero é marcado pela sua esfera de atuação que promove modos específicos de combinar, indissoluvelmente, conteúdo temático, fim comunicativo, estilo e composição.


    Da perspectiva da composição dos gêneros é preciso levar em conta a forma de organização, a distribuição das informações e os elementos não verbais: a cor, o padrão gráfico ou a diagramação típica, as ilustrações. A importância do estudo dos gêneros reside na necessidade de melhor construir as relações comunicativas, essa é a importância de estudar os seus fundamentos.

A beleza e a Graça do poeta parnasiano Olavo Bilac


Trabalho da disciplina de teoria literária

Num primeiro momento parece que o autor (Bilac) tem a idéia de que o belo é na verdade um conceito tão difuso e tão complexo que não se pode definir, ele então procura raízes filosóficas que possam fundamentar a sua posição frente ao assunto. Para Bilac todas as definições são precárias e vagas, pois não atendem a sua satisfação.

Fora todas as outras coisas ditas sobre o Belo, para Olavo Bilac o Belo é a graça. A graça consegue transformar as incorreções em perfeições. Segundo ele a graça é tudo, a graça são as coisas simples como um olhar, a graça é gera o amor e é o amor que nos diz o que é o belo, ou seja, o amor cria a beleza. Mas a graça é maior que a beleza. Pois dela advêm todas as outras coisas.

Educação e cultura no mundo medieval



A Idade Média foi taxada pelos iluministas de “idade das trevas” e o regime absolutista foi ficou conhecido como ancien regime, quer dizer antigo regime em Francês. Esses apelidos forma inventados por conta de um entendimento comum dos iluministas ao conceberem que a Idade Média foi um período de estagnação educacional e cultural.


    A Idade Média também foi à época da consolidação da religião cristã e da igreja como detentora absoluta do poder político e econômico. Por essa época houve alguns avanços nos estudos lingüísticos, de certa forma o medievo foi um período de claro-escuros, de transformações de grande importância que aconteciam em decorrência de uma ideologia cristã convincente e uma instituição eclesiástica poderosíssima.


    A Europa traçou um longo caminho de formação juntamente com o cristianismo e a Igreja, assim com a sua cultura. A cultura da Europa foi de fato embasada nos costumes cristianizadores, onde a igreja que representava o Deus onipotente, onisciente e onipresente e detentor de todo poder nos céus e na terra (incluindo o poder de castigar) comandava através de dogmas e o que seus ensinadores apregoassem.


    A educação que era usada de acordo com as conveniências do clero católico deixara um legado registrado até os dias atuais, trata-se do habito de se ter um professor que leciona a uma classe diversa de alunos, além disso, há tambem o costume de se ensinar latim e o ensino gramatical e retórico da língua tambem vem daquele período.


    Um campo gramatical que foi amplamente difundido naquela época é o do imaginário e que foi estruturado a partir do valor religioso e que é ligado a uma imagem do mundo como uma ordem que expõe duas ramificações do imaginário: um aristocrático, veiculado pelo livro e pela misticidade e um popular: veiculado pela palavra e pelo rito.


    O grande valor que a Idade Média dá a ideologia no processo educativo e por aquele período fortemente ligado a religiosidade dando a sociedade medieval um pensamento assentado sobre uma visão surpesticiosa do mundo, apesar de seus avanços, reclamada pela igreja.

Albert Camus: A corrente existencialista na literatura


Este trabalho de comunicação é dedicado a apresentar um pouco da vida e obra do escritor e filosofo francês Albert Camus, de maneira que será analisada a sua produção literária, tendo em vista as diversas perspectivas filosóficas da corrente existencialista presente em seus ensaios, contos e romances.

    De tempos em tempos, surgem na história da Literatura mundial nomes que pela sua ousadia, coragem e estranheza com que escrevem: inovam, transpõe e despertam a admiração, confusão e contrariedade em seus leitores, por conta de uma forma contestadora e questionadora de fazer arte.

    Albert Camus é sem dúvida um desses nomes, pois o seu legado artístico, para muito além de ser considerado apenas, como sendo parte integrante de uma escola literária, transcende as convenções meramente didáticas e lança-se para fora do tempo de sua criação reclamando um lugar comum entre os escritos mais polêmicos da literatura recente.

    Pensar em Albert Camus, como sendo um escritor a frente de seu tempo é cometer um engano, todavia perdoável e compreensível, pois as questões levantadas em seus escritos são atuais e revelam uma antevisão pessimista de um mundo tomado pela desumanidade. Outrossim, Albert Camus foi um homem de seu tempo, marcado pelo signo da guerra e pela descrença nos homens e suas ciências.

1/25/2011

Resumo das apostilas: DA REDAÇÃO A PRODUÇÃO DE TEXTOS e TEXTO E TEXTUALIDADE



DA REDAÇÃO A PRODUÇÃO DE TEXTOS
O conceito tradicional de ensino diz que ensinar é igual a transmitir conhecimentos e que o responsável por essa transmissão seria o professor, e ao aluno caberia tão-somente absorver o conteúdo ensinado, todavia dentro dessa concepção mora um grande problema, que é o fato de que o educando não esteja devidamente preparado para receber uma carga efetiva de conteúdos, uma vez que o seu campo lexical não o permite interagir com tanto conhecimento que lhe é despejado, Isto pode acarretar em sérias dificuldades que consequentemente poderão afetar até mesmo as instituições escolares
Ao invés de concebermos o ensino como sendo apenas algo que é transmitido como se o aluno não passasse de um mero receptor, que tal pensarmos em um processo de interação entre professores e alunos que se dá por meio do diálogo em sala de aula. A interação verbal se unirá aos conhecimentos sistematizados que são tradicionalmente ensinado nas escolas. Se assim fizermos, então a educação poderá assumir um novo sentido que será o de criar espaços para fazer valer a pena estes saberes.
Aceitar a interação verbal como instrumento fundante do processo pedagógico é deslocar-se continuamente de planejamentos para programas de estudos elaborados no decorrer do próprio processo de ensino/aprendizagem. São os significados de cada objetivo que constituem o verdadeiro processo educacional. Uma aposta no trabalho interativo é que faz com que os novos produtos se constituam.
TEXTO E TEXTUALIDADE
Pode-se definir texto como ocorrência linguística escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sócio comunicativa, semântica e formal. Um texto é uma unidade da linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação sociocomunicativa. Para que um texto seja compreendido, se faz necessário que seja coerente e coesivo, assim um texto pode alcançar o seu objetivo em um determinado contexto sociocultural.
Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um texto seja reconhecido como tal . para ser texto é necessário que haja coesão, coerência e intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade. A coesão é a manifestação linguística da coerência, a coerência e a coesão tem em comum uma característica de promover a interrelação semântica entre os elementos do discurso. A coerência diz respeito ao nexo entre os conceitos e a coesão é a expressão desse nexo no plano linguístico.
Fundamental para a textualidade é a relação coerente entre as idéias. A intencionalidade concerne ao empenho do produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que se tem em mente em uma determinada situação comunicativa. 
A aceitabilidade que concerne á expectativa do receptor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor, ou seja, aquilo que o receptor espera que é poder entender a mensagem textual para poder adquirir conhecimento. 
A situacionalidade fala dos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto no contexto em que ocorre, é a adequação á comunicação sociocomunicativa e é ai que entra a gramática internalizada, onde o produtor não formata o texto segundo o seu contexto social, mas de acordo com o do receptor e do ambiente. 
A informatividade é a medida na qual as ocorrências de um texto são separadas ou não, conhecidas ou não, no campo conceitual ou no formal. Ela está ligada ao grau de formação do receptor, ela ajuda a manter o texto em nível mediano para que o receptor possa ter uma boa digestão daquilo que lhe é colocado. 
A intertextualidade concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto.muitas vezes um receptor para entender um texto precisa um conhecimento prévio do assunto em questão.