12/19/2009

Análise do livro Cântico dos Cânticos



    O Cântico dos cânticos não é tão-somente um poema que fala de amor. Na verdade ele traz em seu texto a atmosfera que o circunda, quer dizer o universo palpável, que o eu-poético utiliza como alegoria da sua própria paixão. Se trata das plantas, dos animais e de toda a geografia e cultura que pode vir a ser usada como metáfora da relação do amado (homem) e da amada(mulher). 

    A comunicação que se estabelece no poema depende desse mundo que o amado tem construído e este mundo que é na verdade uma idealização é constituído de elementos admiráveis, palpáveis, comestíveis e aromáticos. este universo chega até mesmo a confundir-se com o amado e a amada por conta da relação comparativa criada a partir da metáfora.

    De acordo com Alter e kermond" o amante é a representação de um mundo idealizado, do qual se deve tomar posse. Este amante é um mortal e dessa maneira se vê sobressaltado por um sentimento de ansiedade, que durante toda a narrativa poética o faz buscar inquietantemente o amor de sua amada".

    As vozes do amado e da amada se caracterizam no texto pela coerência e consistência que se reportam a uma mesma pessoa, e que é na verdade o poeta. Este poeta transporta para a amada a materialização de seus desejos, pois a compara com elementos naturais que se estabelecem como imagens românticas e mais enfáticas do que as tradicionais declarações de amor, já que se trata de uma voz que se faz ouvir por intermédio de um chamamento humano e universal que se traduz na sua própria presença e desejo.

    Se faz necessário interpretar O cântico dos cânticos a partir de uma perspectiva imagética, já que o poema se estabelece em uma relação metafórica intrínseca e que é a base essencial de seu pleno entendimento. O poema é aclamado tanto pelo apelo sexual quanto pela intelectualidade de sua construção lírica. Cântico dos Cânticos é um poema encantador na medida em que apresenta uma qualidade musical inconfundível e um universo imaginativo que se configura em um verdadeiro retrato de um mundo completamente idealizado pelo poeta e que chega a traduzir-se na própria idealização de quem o lê, na sua acepção de mundo, ou seja, no seu próprio devaneio.