1/22/2012

BRASIL E TANZÂNIA: DIFERENTES REALIDADES EDUCACIONAIS



A educação no Brasil tem mostrado demasiadamente suas deficiências: o modelo de ensino, o método e os locais onde se aprendem são distantes à realidade.

O sistema de ensino brasileiro foi o pior colocado em um estudo promovido pelo Banco Mundial. E para agravar a situação, em 26 de outubro de 2006 a UNESCO publicou o relatório anual "Educação para Todos" onde o país ficou na 72º posição, em um ranking de 125 países, e afirmou que com a velocidade de desenvolvimento atual, o país só atingiria o estágio presente de qualidade dos países mais avançados em 2036

Muitos podem justificar isto afirmando que o país é de terceiro mundo. Mas então se questione: como que a Tanzânia, um dos países mais pobres do mundo, com o PIB de 2007 equivalente a 1100 dólares (o Brasil com PIB de 2 bilhões de dólares no mesmo ano) conseguiu uma educação que atendeu as expectativas da população?

Segundo Julius Kambarage Nyerere (1922-1999), presidente da Tanzânia após se tornar independente do Reino Unido (1961), “deve-se fomentar os objetivos sociais e preparar as crianças e os jovens para o papel que desempenharão na sociedade”.

Foi assim que em 1961 ele resolveu investir maciçamente na educação. Para tanto, dobrou o número de escolas e garantiu que cada professor tivesse clareza das implicações educacionais através de seminários realizados em nível nacional. 

Também criou as bases de uma filosofia educacional, que tinha como objetivo a valorização da cultura, moral e a história de seu povo: se trata do projeto “Self Reliance Programme”(programa de autoconfiança) que visou o resgate da autoconfiança de cada cidadão e trouxe o idioma nativo como língua oficial dela, ou seja, preocupou-se em retomar a consciência do povo, onde todos contribuíssem na formação de jovens e crianças tanzanenses. 

Também explorou a cooperatividade nas áreas rurais, empregando uma organização baseada nos princípios do socialismo (igualdade do trabalho e remuneração conforme a produção de cada um).

O modelo de educação da Tanzânia deve ser seguido e readaptado a nossa realidade. Além disso, para que este modelo possa ser implantado no país, é necessário que haja maior proximidade e interatividade entre educadores e educandos. 

A educação deve ser levada ao aluno, e não o aluno à educação, seguindo o exemplo de Tereza Nidelcoff, educadora argentina que acredita na idéia do professor povo, (educador que está próximo do aluno, pronto para atender suas necessidades e ajudá-lo a superá-las). 

Este deve vivenciar a realidade de seus estudantes para melhor compreendê-los, ou seja, utilizar da cultura local para chamar a atenção do aluno e não deixar que este veja a sala de aula como um passa-tempo, mas como uma oportunidade para melhorar de vida.

Mas, de nada adianta haver professores capacitados se as escolas onde ensinam fogem do alcance de quem delas necessita, tanto de forma física quanto educacional, como são acompanhadas pelos jornais as grandes dificuldades que os alunos de interiores, por exemplo, tem de chegar à escola. Ás vezes precisam acordar de madrugada para chegarem cedo a aula e alguns, quando não tem um transporte público e gratuito, ainda tem de andar muitos quilômetros.

Portanto, a educação e a cultura brasileira devem ser tomadas sob uma nova perspectiva: estudar o Brasil colonial, as raízes indígenas, a cultura africana e outros assuntos concernentes à nação brasileira com mais atenção, além de investir na capacitação de professores e criar escolas com o objetivo de alfabetizar e preparar cidadãos para o futuro seria um bom começo. 

Países desenvolvidos têm suas culturas reconhecidas em todo mundo por que eles mesmos buscam resgatar os valores do seu passado histórico. O mesmo deve acontecer a esta nação, libertando-se das amarras do modelo de ensino francês e alemão, criando uma nova consciência sobre educação em âmbito nacional, para que haja verdadeiramente o reconhecimento e valorização da cultura local.

O BOM-CRIOULO: O HOMEM E A HOMOSSEXUALIDADE



    Quando falamos em homossexualismo, o que vem em mente? Para uns é algo comum, para outros é pura falta de respeito à sociedade e aos valores. Desde antes do século XIX até hoje, o que predomina é o segundo pensamento. Agora imagine: fazer uma obra para um público preconceituoso, claro que não é fácil, e ainda tratar do tema de forma naturalista, pior. Mas foi o que fez Adolfo Caminha, autor do livro “Bom-Crioulo”.

    Adolfo Ferreira Caminha nasceu em Aracati, província do Ceará, em 29 de maio de 1867. Transferido para Fortaleza, estuda as primeiras letras em casa de parentes. Na época de estudante as primeiras composições eram em prosa e em verso. Consegue entrar para a marinha e ali vê os maus-tratos diários, o que influencia na publicação de “Bom-Crioulo”. No dia 1º de janeiro de 1897, com trinta anos incompletos, ele morre e seu enterro é simples e pobre, no cemitério São Francisco Xavier. 

    O “Bom-Crioulo” é um romance naturalista. É muito criticada porque, além de ter como tema o homossexualismo, mostra o homem na sua forma animalesca: ao invés de homem e mulher as palavras macho e fêmea aparecem com freqüência.

    Amaro é um ex-escravo que se refugia na marinha, em um navio chamado corveta. É um negro alto, todo musculoso, incomparável. É de alma muito boa (daí o apelido de bom-crioulo), mas quando bebe se torna incontrolável. Lá encontra Aleixo, um rapaz branco de olhos azuis o qual preza com muito carinho, chegando a ser castigado com 150 chibatadas por Agostinho, tudo porque mexeram com “o grumete” (Aleixo). 

    Por ter um grande amor acaba conseguindo um quarto que fica na rua da misericórdia, numa pensão que é administrada por dona Carolina. Esta é uma portuguesa ex-prostituta que foi salva por Amaro há anos de ladrões. Os dois passam um ano indo a terra para se relacionarem até que Amaro é posto em outro navio de nome couraçado. Daí começa seus desencontros com Aleixo e este passa a ter um relacionamento com dona Carolina. 

    Bom-crioulo volta a beber e a ser castigado, só que desta vez vai parar no hospital. Lá ele sabe por seu amigo Herculano que Aleixo está amigado e então, enciumado foge, culminando assim no assassinato de Aleixo.

Triângulo amoroso: vértices de um triângulo escaleno - Um triângulo amoroso é composto, geralmente, por duas mulheres lutando por um homem ou dois homens lutando por uma mulher. Neste romance, acontece o inusitado: D. Carolina e Amaro lutam por Aleixo. Mas as formas que as personagens são narradas em suas relações revelam algo diferente: D. Carolina não faz papel de mulher, mas o oposto: ela o despe, chama-o para a cama, é seduzida, e Aleixo se torna uma fêmea, sabendo que uma de suas características é a feminilidade. “Era uma pena, decerto, ver aquele rosto de mulher, aquelas formas de mulher, aquela estatuazinha de mármore, entregue a mãos grosseiras de um marinheiro, de um negro...” (pg. 87).

    Aleixo também é visto assim por Amaro. Bom-Crioulo o prezou desde que se conheceram, pois o ar inocente do grumete o seduziu como uma mulher a um homem. “esse movimento indefinível que acomete ao mesmo tempo duas naturezas de sexos contrários, determinando o desejo fisiológico da posse mútua, essa atração animal que faz o homem escravo da mulher e que em todas as espécies impulsiona o macho a fêmea, sentiu-a Bom-Crioulo irresistivelmente ao cruzar a vista pela primeira vez com o grumetezinho. 

    Nunca experimentara semelhante coisa, nunca homem algum ou mulher produzira-lhe tão esquisita impressão, desde que se conhecia! Entretanto, o certo é que o pequeno, uma criança de quinze anos, abalara toda a sua alma, dominando-a, escravizando-a logo naquele mesmo instante, como a força magnética de um ímã” (pg.30).

Características naturalistas - Dentre as características, o autor faz uso de uma que choca muitos críticos: a patologia sexual. O homossexualismo é vivenciado por Bom-Crioulo e o grumete que evidenciam essa patologia. Impulsão corporal, desejo e instinto animal: por exemplo, o uso das expressões “macho e fêmea” ou “essa atração animal”.

    José Veríssimo, respeitado crítico literário, é um bom exemplo da recepção do livro: "Bom Crioulo é pior do que um mau livro: é uma ação detestável, literatura à parte.... Como quer o Sr. Adolfo Caminha que seja respeitado e estimado um homem que, sem utilidade alguma social, passou longos dias ocupado em analisar e discutir a psicologia improvável de nauseantes crimes contra a natureza, e tenta depois com isso despertar em nós o arrepio da curiosidade impura e mórbida?" (citado em Howes, 44) 

    Valentim Magalhães, editor da influente revista A Semana, escreveu: 

"Ora, o Bom-Crioulo excede tudo quanto se possa imaginar de mais grosseiramente imundo. ... não é um livro travesso, alegre, patusco, contando cenas de alcova ou de bordel. ... é um livro ascoroso, porque explora - primeiro a fazê-lo, que eu saiba - um ramo de pornografia até hoje inédito por inabordável, por antinatural, por ignóbil. Não é pois somente um livro falsandé: é um livro podre; é o romance-vômito, o romance-poia, o romance-pus. ... Este moço é um inconsciente, por obcecação literária ou perversão moral. Só assim se pode explicar o fato de haver ele achado literário tal assunto, de ter julgado que a história dos vícios bestiais de um marinheiro negro e boçal podia ser literariamente interessante. ... Provavelmente o Sr. Caminha já foi embarcadiço, talvez grumete como seu louro Aleixo - o que ignoro. (citado em Howes, 43, Azevedo, 122-3).

    Não só na época em que foi publicada como também na atualidade muitos que a lêem e acham uma obra “nojenta” e “ridícula”. O fato de Adolfo Caminha tê-la escrita em pleno período naturalista nos ajuda a entender o porquê do homem ser descrito de tal forma. 

    Ele o mostra de maneira tão diferente do romantismo, por exemplo, que muitos amantes deste período acabam acusando a obra. Adolfo Caminha teve muita coragem ao escrevê-la, pois, mesmo sabendo que ela não seria bem aceita pela sociedade, fez com que chegasse ao povo e se tornasse repercutida.

Formação da literatura nacional: comentário fundamentado nas obras de Roncari e Cândido


    De acordo com Roncari, a literatura que chamamos hoje de brasileira, é na verdade o legado deixado por uma longa tradição literária do ocidente, mas que se confrontando com uma cultura aqui existente resultou em outra forma de arte que floresceu a partir dos conflitos e das tensões decorrentes do choque dessas culturas tão diferenciadas. No plano prático trata-se rigorosamente da transposição da cultura e da arte do colonizador sobre o colonizado. Cândido, afirma:

    A história da literatura é em grande parte a história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa.

    A literatura brasileira pode ser tomada, em certo sentido, como sendo o fruto de uma fusão entre uma tradição artística há muito estabelecida contra uma cultura diferente que fugia completamente ao modo de vida europeu e dos moldes da arte renascentista, porém a verdade é que da cultura e da arte aqui encontradas pelo europeu, pouco restou, resquícios de uma civilização cuja cultura fora suplantada, soterrada e desarraigada pelo aparelho deculturador de Portugal.

    É importante entender que, a transposição da literatura ocidental paras as terras D’além mar , era simplesmente uma parte intrínseca de um projeto de colonização que arrancou das populações, não somente a sua identidade cultural, mas todas as possibilidades de uma existência feliz em que pudessem desfrutar sua própria maneira de ser e de viver. Tudo isso aconteceu em nome da exploração de todas as riquezas naturais e minerais nestas terras existentes.

    Portanto, pode-se depreender que a formação da literatura nacional é menos a união de duas culturas distintas e que se colidiram em um processo quase dialético, contribuindo de igual modo para a identidade literária do Brasil e mais a transposição da grande produção artística ocidental sobre o modo de vida e as formas de artes aqui encontradas, constituindo quase que uma substituição de uma cultura por outra.

    A historiografia de nossa literatura entende que a obra que inaugurou a literatura brasileira foi à famosa Carta do Achamento, redigida pelo escrivão Pero Vaz de Caminha, que chegou a essas terras em uma das naus da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Em sua carta direcionada ao rei de Portugal, caminha faz uma descrição graciosa das terras e, sobretudo das pessoas aqui encontradas e desenha uma imagem e um juízo dos homens que aqui viviam, por essa razão é conferida a este documento o status de primeira obra literária, posto que esta obra coloca o Brasil no circuito da tradição literária ocidental.

1/17/2012

PROJETO: LE CONCOURS DE FRANÇAIS






I – IDENTIFICAÇÃO:

Professora Colaboradora: Kelly Day

Professora Orientadora: Maria Leonaide Campos Soares

Estagiárias Coordenadoras: Angélica Melo da Silva;
Camila Teodosio Brito Rodrigues;
Délcio Araújo;
Edson da Conceição Silva;
Elisabeth de Almeida Vales;
Eloany dos Santos Homobono;
Ezequias de Souza Côrrea;
Jenny Pantoja Ferreira;
Jesualine da Costa Reis;
Lorenna Luanda da Rocha Braga;
Luana da Silva Lacerda;
Miriana dos Santos da Costa;
Paulo André Bentes da Rocha;
Raiane Albuquerque Silva;
Sanderlei dos Santos Barbosa;
Silvana Façanha de Souza.

II - CARACTERÍSTICAS DO PROJETO:

Especificação: Desenvolver uma prática pedagógica, voltada para a turma de 1º nível em Língua Francesa da Universidade do Estado do Amapá - UEAP.

Carga horária: 40 Horas.

Ações a serem desenvolvidas: Elaboração de uma gincana educativa tendo como tema central o desenvolvimento das competências de produção e compreensão oral/escrita.

Público alvo: Turma do 1º nível de Língua Francesa.

Campo de Execução da Prática: Hall de entrada da Universidade do Estado do Amapá – UEAP- campus 1.

III - JUSTIFICATIVA:

A proposta do Projeto “Le concours de français” foi elaborada de acordo com as necessidades observadas e vivenciadas, de acordo com a professora colaboradora, na turma do primeiro nível de Língua Francesa da Universidade do Estado do Amapá, tendo como objetivo o desenvolvimento das competências de produção e compreensão oral/escrita na Língua Francesa.
Ao estudarmos uma língua estrangeira, além de procurar entender o que o seu falante nativo diz, buscamos também reconhecer os valores que cada palavra possui, ou seja, compreender a estrutura e funcionamento da Língua Francesa para seus diversos usos no cotidiano.
Portanto, este projeto visa no sentido amplo, à integração dos discentes no contexto escolar, a participação em eventos de cunho sócio-educativo e dinâmico, a capacidade de liderança, motivação e a responsabilidade. Desta forma, esta prática pedagógica trará atrelados alguns quesitos de avaliação, para o melhor empenho e participação dos discentes, além de propiciar o uso de instrumentos essenciais para o processo de ensino/aprendizagem da língua.
Desta forma, o projeto tem como outra função estimular o interesse dos alunos pela Língua Francesa, despertar o saber cognitivo, a assimilação, o aperfeiçoamento da escrita e da fala. Com isso, para conseguirmos atingir este objetivo, faz-se necessário, o acompanhamento, a observação e a efetivação deste projeto de maneira organizada e concreta.



IV - OBJETIVOS:

Expressar-se oralmente, com espontaneidade, ritmo e boa pontuação;

Compreender e reproduzir a linguagem escrita da Língua em questão;

Associar aos elementos de linguagem oral e outros elementos de comunicação e expressão;

Incorporar palavras novas ao vocabulário ativo, dispondo delas corretamente;

Mostrar equilíbrio e autoconfiança perante um auditório;

Percepção para a utilização das competências exigidas (oral/escrita);

Desenvolver nos alunos a capacidade de raciocínio com facilidade, legibilidade e rapidez;

Utilizar todos os conhecimentos gramaticais, normativos e ortográficos em função da otimização de suas práticas sociais da Língua Francesa;

VI – METODOLOGIA:

O projeto “Le concours de français” está dividido em três momentos, sendo que, o primeiro momento consistiu na exposição teórica e argumentativa em sala de aula, pelas estagiárias, na qual, teve como apoio textos e atividades que foram repassadas no momento da regência para o entendimento e esclarecimento dos assuntos designados.
O segundo momento ocorrerá durante o processo de organização, preparação e escolha dos materiais para a gincana que será executada pelos discentes com o apoio das estagiárias e da professora - colaboradora. Essas tarefas serão realizadas no dia da prática, sendo que, cada trio de estagiárias terá que montar sua dinâmica.
O terceiro momento ocorrerá no dia da execução do projeto, sendo que, cada discentes, divididos em grupos, deverá executar suas tarefas de maneira organizada, obedecendo aos quesitos propostos no primeiro e segundo momento. Nesta fase, haverá jurados para avaliar essas tarefas específicas. Além disso, neste dia, haverá tarefas extras, como: grito de guerra, pontualidade, organização e participação.
As atividades serão todas dinâmicas, na qual, os discentes competirão para que somente um grupo saia vitoriosa, sendo que, cada grupo ficará responsável por uma gincana e, cada aluno participará de forma ativa e interativa, pois, o importante para ganhar a competição é a compreensão, à interação e ajuda mútua dos alunos na execução da gincana. Sendo assim, as atividades possuirão os seguintes nomes:
• Les couleurs du temps;
• Les vêtements;
• Montage rapidement;
• Les articles;
• Batalha da Conjugação;
Desta forma, a participação envolverá a cooperação de todos para a realização das tarefas, não esquecendo que, a organização contará como requisito de pontuação. Todas as tarefas terão como intuito perceber se houve ou não a compreensão do assunto abordado e trabalhado durante a execução da prática, já que, esta atividade tem cunho avaliativo, uma vez, que não visa somente à competição, mas também a interação e sociabilidade dos alunos com um outro tipo de cultura.

V – RECURSOS:

5.1- Humanos
Coordenadoras - Estagiárias do Curso de Letras do 7º semestre;
Discentes do primeiro nível de Língua Francesa da UEAP;
Professora - Colaboradora;

5.2 - Materiais
Para a fundamentação teórica da prática:
• Textos;
• Painéis;
• Quadro branco;
• Microsystem;
• Figuras ilustrativas;
• Pincel atômico;
• Papel 40 KG;
• Materiais decorativos;
• Materiais para a confecção das brincadeiras;


Para a execução da prática no Hall de entrada:
• Caixa de som amplificada;
• Microfones;
• Cadeiras;
• Mesas;
• Troféus;
• Brindes;
• Balões;
• Fichas de avaliação;
• Questionário de perguntas;

VII – AVALIAÇÃO:

A avaliação consistirá durante a execução do Projeto, já que, a metodologia estará dividida em três momentos, sendo assim, levaremos em consideração os seguintes critérios avaliativos:

• Participação nas atividades;
• Interesse pelas atividades;
• Cooperação em grupos;
• Criatividade e dicção;
• Postura e responsabilidade;
• Pontualidade;
• Cumprimento de todas as tarefas;
• Questão gramatical e ortográfica.


REFERÊNCIAS

CARÉ, Jean-Marc; DEBYSER, Francis. Jeu, language et criativité. Hachette.

JULIEN, Patrice. Activités Ludiques. CLE.

O LUDICO E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

RESUMO

Este artigo de conclusão de curso é o resultado de um estudo bibliográfico e de uma pesquisa de campo realizada na escola Meu Pé de Laranja Lima. Trata-se da verificação de como é operada a prática lúdica na sala de aula e como os professores da educação infantil tem lançado mão da ludicidade como instrumento a favor do ensino infantil.

PALAVRAS- CHAVES: ludicidade, professor, educação infantil.

ABSTRACT

This article of completion is the result of a detailed bibliographic study and intensive field research in school my orange tree file. This is the check is operated as a recreational practice in the classroom and how teachers of early childhood education has made use of playfulness as a tool for teaching children. From the readings based on the theoretical study and visualization of data collected were measured for all results where the conclusions are drawn in this article.

INTRODUÇÃO

A palavra lúdico encontra as suas raízes no original grego ludus que do ponto de vista etimológico quer dizer jogo, Todavia, o termo é utilizado atualmente como expressão de recurso pedagógico na sala de aula, isto é, a ludicidade esta sendo tomada hoje em dia como uma nova possibilidade de construção integral e da satisfação das necessidades do individuo no que tange a sua formação enquanto sujeito social.

Outrossim, A ludicidade é uma tentativa de trabalhar com a criança a articulação da realidade sociocultural em que ela esta inserida. As atividades devem ser significativas no sentido de representarem na criança a satisfação de suas necessidades mais elementares sejam elas de que ordem for. A educação física devera ajudar na construção do conhecimento, dando acesso aos conhecimentos do mundo físico, afetivo e social.

Nesse contexto o lúdico pode ser caracterizado como o fazer diferente, onde é permitido ao professor produzir e reproduzir para a criança diferentes instrumentos pedagógicos de acordo com a imaginação, criando novas possibilidades sempre a espera de um melhor resultado no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, podendo alcançar resultados satisfatórios.

A ludicidade vai oportunizar ao educando uma melhor compreensão nas brincadeiras, pois a partir daí ele tem a possibilidade de interagir com os demais colegas e criar um ambiente de coleguismo dentro e fora da sala de aula, pois esse é um dos primeiros benefícios oriundos dessa pratica pedagógica.
A ludicidade traz também para a sala de aula a possibilidade do contato com o brinquedo e é através dele que a criança consegue estabelecer contato com o mundo, isto quer dizer o aluno pode experimentar o mundo a sua volta através do tato, através desse sentido ele pode interagir com os objetos que o circundam.

Nos jogos os alunos conseguem superar as suas capacidades cognitivas e assim ampliar seus conhecimentos através da concentração e há também a vantagem de nos jogos eles se auto exigirem um esforço intelectual que provavelmente não realizariam em uma aula comum.

A inclusão das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem tem sido alvo de muitas discussões no que se refere ao fazer de cada professor. Com a retomada do tema, por parte de educadores contemporâneos, que tem constatado que a escola tradicional tem se transformado em um espaço de negação da ludicidade, onde os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, quando utilizados cumprem apenas o papel de divertir e jamais como instrumento na construção do conhecimento.
Entende-se, portanto que a formação do professor pode favorecer essa prática. Historicamente as praticas lúdicas são usadas somente com a finalidade recreativa, apenas como uma forma de entretenimento e lazer. A escola ao invés de incentivar a prática lúdica em sala de aula tem ao contrario tolhido qualquer atitude que fuja aos seus parâmetros e isso não passa somente pela ludicidade, mas também com os diversos saberes não enquadrados em seus padrões.

A escola muitas vezes tem revelado um caráter excludente ao rechaçar as atividades lúdicas do seu quadro de recursos didáticos, pois ao invés dela se tornar uma extensão da vida social, acaba por tornar-se uma instituição que não contribui para a completude do individuo enquanto sujeito social.

Uma das contribuições que este artigo apresenta para a comunidade é o fato de questionar a maneira como vem sendo trabalhado a ludicidade em sala de aula e quais os parâmetros utilizados para o uso da ludicidade. E no que toca o papel do professor no sentido de criar um ambiente propicio ao aprendizado e divertimento, ou seja, de um ambiente com educação e ludicidade. A pretensão deste trabalho é apontar novas possibilidades para um ensino que seja ao mesmo tempo a diversão e um espaço de interação entre os alunos.

PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A construção deste artigo tem por base um estudo que se efetuara em duas formas, uma pesquisa bibliográfica baseada em referenciais teóricos relacionados ao tema deste artigo, e uma pesquisa de campo que será executada a partir de dados coletados em questionários aplicados aos professores da Escola Meu Pé de Laranja Lima. De acordo com Lakatos (2008), a pesquisa bibliográfica trata:

“De um levantamento de toda bibliografia já publicada, forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na analise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações”(p.43-44).

Nesse sentido as análises bibliográficas foram de suma importância para a pesquisa deste trabalho uma vez que todos os questionamentos e deliberações nele propostos estão fundamentados a partir da leitura de teóricos que se debruçaram a estudar a problemática que aborda o presente artigo.

A contextualização do assunto torna-se algo imprescindível para melhor entender os aspectos que envolvem especificamente os elementos que constituem os problemas existentes na aprendizagem do aluno, além de fornecer estratégias de ações para uma tomada de decisão para os caminhos a serem seguidos. As argumentações elencadas são fundamentadas pelo referencial teórico dos autores que serão citados neste artigo.

Outra fonte de estudo importante para este trabalho é a pesquisa de campo, que de acordo com Severino (2008).

É o objeto-fonte abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde os levantamentos (surveys), que são mais descritos, até estudos mais analíticos (p. 123).

.A pesquisa de campo é um fator de extrema necessidade para este artigo, pois a análise de um objeto-fonte em suas condições de existência dá a credibilidade e veracidade necessárias ao artigo em questão. Além do mais, a pesquisa de campo tem a seu favor o fato de que ela não pode ser interferida pelo pesquisador uma vez que os dados são coletados a partir das condições naturais em que os fenômenos ocorrem como ressalta Severino (2008).

A pesquisa de campo será efetivada na escola Municipal Meu Pé de Laranja lima, situada na avenida presidente Vargas no centro de Macapá, Ela conta com um contingente de aproximadamente trezentos alunos do ensino infantil, distribuídos em dois turnos, manhã e tarde. O numero de professores residentes na escola é da ordem de 10 docentes dos quais todos serão entrevistados para a constituição deste artigo.

A pesquisa será realizada por meios de questionários que segundo Oliveira (2010 p. 27) “é um tipo de entrevistas em que perguntas e respostas são fechadas e o informante apenas escolhe entre as varias opções de respostas dadas pelo entrevistado”.

O questionário formulado aos docentes foi realizado a partir de perguntas fechadas, quer dizer por meio de questões diretas com múltiplas repostas que ficou a escolha dos professores. A importância desses questionários reside no fato de que eles se constituíram em um material valioso para análise da pesquisa efetuada neste artigo, de acordo com Cervo e Bervian (2002) diz:

[..,] que o questionário é a forma mais utilizada para coletar dados, possibilitando dados, possibilitando medir com a exatidão o que deseja. [...] Com esse instrumento, o informante responde por escrito a questões estruturadas e relacionada com terma da pesquisa. [...] As questões devem estar claras para que o informante responda com precisão, evitando dúvidas. (p. 67).

É o que se define este estudo, procurar buscar as informações necessárias de tal forma que sirvam como apoio de material da pratica de campo todas as questões levantadas do questionário em anexo durante o processo de elaboração deste documento, uma vez que se destina averiguar sobre a realidade do jogo, brinquedo e brincadeira no processo ensino-aprendizagem e do licenciado de Educação Física.
Já que o educador tem de incentivar o educando a ter uma visão total do seu universo de suas atividades, como o raciocino lógico, percepção, socialização e integração. Segundo Gonçalves (2006, p. 83) “a educação física como uma área do conhecimento da cultura corporal de movimento e a educação física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento.”.

Mais do que qualquer outro educador, o professor de educação física é um licenciado apto a ensinar a cultura corporal através dos jogos, brincadeiras e brinquedos. Pois é na infância que o individuo aprende coisas que serão decisivas para toda vida, neste sentido o professor de educação física é responsável pela formação integral e não parcial dos indivíduos.

Uma educação voltada para a ludicidade pode mudar a vida de qualquer individuo ajudando-o quanto a formação de sua personalidade. Sobre isso Freire (2009, p.62) discorre: “do ponto de vista pedagógico a importância do jogo de construção na escola da primeira infância é inegável, uma vez que através dele é possível perceber como a criança esta se socializando, como esta se inserindo no mundo social”.
Não há duvidas quanto à importância da ludicidade na primeira infância e de como ela pode ajudar a criança a desenvolver-se socialmente como individuo sadio que saberá estabelecer suas relações sociais.

A pesquisa de campo foi executada a partir de dois métodos de procedimentos, a saber: o método descritivo e quantitativo. O método descritivo de acordo com Matos (2008, p.35): “Tem como características observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores”.

Portanto, o procedimento aplicado refere-se a um determinado grupo de professores e suas atividades pedagógicas, investigação esta que procura aspectos de um evento específico de uma amostra, tentando aprofundar de maneira integral e cientifica no contexto de sua realidade, para compreensão dos fenômenos existentes.

Nesse sentido compreende-se que a descrição do fenômeno estudado é parte integrante da construção da pesquisa proposta neste artigo, uma vez que serão observadas todas as respostas de cada professor entrevistado e todos os dados coletados serão mensurados a partir do confrontamento com as proposições dos teóricos cujas obras foram estudadas durante esta pesquisa.

Outra forma de método de procedimento que foi utilizado nesta pesquisa é o método quantitativo que de acordo com Oliveira (2010 p.26): é um método que “parte do principio de que, para estudar o homem e a sociedade, é possível utilizar a mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais”. Salienta-se por incorporar o racionalismo lógico dos números aplicados como método científico e tradução dos eventos estudados. Severino (2007, p 119) “é preferível falar-se de abordagem quantitativa, pois cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referencias epistemológicas.

Significa dizer que esta abordagem passa pela tradução da natureza dos fatos coexistentes em si, neste caso em particular, a relação que o objeto de estudo possui de acordo com seu ambiente social, econômico e político numa concepção racionalista do conhecimento. A abordagem quantitativa interpretará opiniões coletadas através dos recursos estatísticos, como percentagem, média, etc.
Através da pesquisa quantitativa fora possível apreender uma serie de informações coletadas nas entrevistas e nas observações realizadas na escola Meu Pé de Laranja Lima. Os dados coletados formaram um quadro estatístico em que foram mensurados os dados diversos e deles tirados os resultados finais da pesquisa do presente artigo.

As questões propostas aos professores da escola meu pé de Laranja Lima tem a ver principalmente com a maneira de como eles trabalham (e se trabalham) a ludicidade no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula.

Nesse sentido uma serie de questões foram suscitadas para entender como funcionam os mecanismos de aprendizagem na escola meu pé de Laranja Lima. A partir dessa preocupação pretende-se descobrir as aplicações das respostas dadas as perguntas e a aplicação das informações coletadas para o devido funcionamento da pratica lúdica em sala de aula.

1-. O LÚDICO E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL.

O lúdico e a ação do professor do ensino infantil são instrumentos de suma importância para o processo de ensino na vida da criança, pois ele é (ou deveria ser) capacitado para trabalhar cada etapa do desenvolvimento, como os aspectos cognitivo, afetivo, social e motor.

O educador deve somar os seus conhecimentos específicos da área aos conhecimentos prévios da criança, quer dizer o professor não pode desconsiderar o conhecimento que a criança traz de sua casa, apesar de sua pouca experiência com o mundo.

A partir do momento que este educador trabalha o lúdico através do jogo, brinquedo e brincadeira, a criança se desenvolve e adquire aptidões comportamentais e educacionais que jamais desenvolveria se experimentasse uma educação convencional. Esta aprendizagem irá refletir em toda vida da criança no processo ensino-aprendizagem. Ao discorrer sobre as vantagens de se implementar os jogos na sala de aula Goncalves (2006), diz o seguinte:

O jogo é um meio de expressão e comunicação de primeira ordem de desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo, sexual e socializador por excelência. É básico para o desenvolvimento da personalidade da criança em todas as suas facetas. É possível que tenha fim em si mesmo, bem como seja meio para a aquisição de aprendizagem, pode acontecer de forma espontânea e voluntaria ou organizada, sempre respeitando o principio da motivação (p. 135).

É neste sentido que se deve priorizar na formação do professor de do ensino infantil e também do professor de educação física, a relevância e conhecimento do desenvolvimento da criança, suas necessidades básicas de evolução, tanto psicológica como corporal.

Portanto entende-se que as atividades lúdicas quando bem ministradas por um educador, consciente dos objetivos a serem alcançados, com o propósito do crescimento dos aspectos da aprendizagem da criança estará focando o principal motivo que envolve a natureza comportamental de cada aluno, através do lúdico ou atividades pedagógicas que possibilitem a motivação para a integração e socialização escolar. É o que diz Matos apud Dayrell (2006)

Quando afirmamos a existência de uma diversidade cultural entre os alunos, implica afirmar que, numa mesma sala podendo ter uma diversidade de forma de articulação cognitiva. Dessa forma, para a aprendizagem se efetivar, é necessário levar em conta o aluno em sua totalidade, retomando a questão do aluno como sujeito sócio-cultural quando sua cultura, seus sentimentos, seu corpo, são mediadores no processo de ensino e aprendizagem (p. 11).

Verifica-se, a partir deste argumento, a importância da formação continuada do educador infantil e a preocupação do ensino superior em preparar melhor o acadêmico de educação física com enfoque para o entendimento do desenvolvimento global do educando, de tal forma que se possa aplicar mais adequadamente às atividades lúdicas, de acordo com o perfil de cada criança, considerando principalmente a realidade e contexto em que ela se insere.

E neste particular, levanta-se uma questão relevante: a formação pessoal e a formação profissional do docente não se distinguem, pois considera-se que o processo de formação do professor é baseada na intensa experiência de vida, contínua e amplamente complexa, integral. A dimensão lúdica está associada a sua auto-formação, sobretudo ligada ao estudo técnico, numa reflexão individual e ao mesmo tempo coletiva a partir de troca de experiências mútuas entre os agentes integrantes da educação: alunos e professores.

Evidentemente que esta questão seria o ideal para o melhoramento do ponto de vista do professor do ensino infantil ou do professor de educação física, porém na realidade não é o que acontece, porque suas convicções estão mais centradas quase sempre em torno dos aspectos mais metodológicos, tecnicistas por assim dizer, não observando o aspecto humano/pessoal cognitivo da criança, suas características marcantes da sua personalidade, do seu corpo e de seus sentimentos. Diante desta afirmativa, a prioridade do professor a ser pensada deveria ser orientada pela leitura de mundo na sua integra e que pautasse a sua prática pedagógica de acordo com as necessidades apresentadas na escola. Campos (1986) diz:

A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula.

O ensinamento, portanto, deveria ser uma tônica pautada no resgate permanente da ludicidade em todos os momentos diários do professor. Mas nas universidades pouco se estuda sobre este assunto, a formação tanto do professor das séries iniciais e da Educação Física pouco enfatiza a ludicidade como caminho do crescimento humano, o que resulta em má formação dos educadores e a conseqüência provável do mau desempenho do aluno na sala de aula. Rocha (2000): “ao professor cabe organizar o brincar e, para isto, é necessário que ele conheça suas particularidades seus elementos estruturais, as premissas necessárias para seu surgimento e desenvolvimento”.

1.1- Implicações da formação do professor para o lúdico.
Para que a prática lúdica se efetive na sala de aula é preciso entender que o professor deve está apto a ensinar de acordo com as exigências e prerrogativas que se colocam para uma formação a partir do lúdico. Sobre essa problemática Santos (2010) declara:
No contexto da formação dos profissionais de educação infantil, deveriam estar presentes disciplinas de caráter lúdico, pois a pratica docente é reflexo da formação do individuo. Por isso quanto mais vivencias lúdicas forem proporcionadas nos currículos acadêmicos, mais preparado o educador estará para trabalhar com a criança (p.21)

A defesa da ludicidade como disciplina integrante no curso de formação de professores de educação física surge a partir da necessidade que se verifica em prepará-los para tal. Mas como fazer isso? Sobre esta questão assentam-se as problemáticas da efetivação da ludicidade na sala de aula. Dhome (2009) aponta uma solução para o professor que já se depara com essa realidade:

O educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando oportunidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializá-las e harmonizá-las ao seu projeto de vida. E isto irá influenciar muito no que e como o aluno irá aprender (p. 114)

A proposta de Dhome parece interessante, mas é apenas um paliativo para os professores que já se encontram pressionados com o advento das praticas lúdicas na sala de aula e a questão primeira ainda fica sem uma resposta plausível. A única solução cabível ao problema parece ser a proposta por Santos (2010), a saber:
para contribuir nesta abordagem, apresentamos um jogo para adultos, referentes às atividades lúdicas, que permitirá ao futuro educador “aprender jogando” para “ensinar brincando”. Este jogo possibilita que cada participante possa analisar discutir, refletir, polemizar e se posicionar em cada afirmativa referente ao lúdico. É uma forma prazerosa de aprender (p. 21)

A proposta de Santos é coerente porque busca mostrar para o professor o entendimento e o funcionamento da pratica lúdica, instrumento do qual ele mesmo se utilizará quando for professor. Este é o verdadeiro sentido de “aprender jogando” para “ensinar brincando”. O entendimento que o formando em educação física precisa ter sobre seus futuros alunos para estar preparado para ensinar através da ludicidade é a mesmo entendimento que propõe Mattos apud Freire (2006):

corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. ambos devem ter assento na escola, não um (a mente) para aprender o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para se emancipar. Por causa dessa concepção de que a escola só deve mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um estorvo que, quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará (p. 84,85)

É necessário que o professor tenha clareza do que pretende ensinar, como pretende ensinar, para que pretende ensinar e porque estar ensinando uma ou outra atividade. O professor de educação física, formado e habilitado para lecionar da perspectiva da ludicidade precisa se apossar dos instrumentos indispensáveis como recursos pedagógicos que é o jogo, o brinquedo e a brincadeira, mas para tanto este professor precisa ter em mente um plano, um projeto traçado a partir de determinados parâmetros que devem se assentar nestes questionamentos.

O professor credenciado saberá alternar as diversas atividades que requisitem maior número de habilidades possíveis em seus alunos, fazendo com que eles encontrem as suas devidas vocações. O numero variado de atividades lúdicas fará com que cada criança se conheça melhor e possa se sentir impelido a melhorar sempre. Dewey apud Dohme (2009, p. 124) corrobora com essa opinião: “Eu acredito que verdadeira educação vem somente através da estimulação das potencialidades da criança pelas demandas das situações sociais que elas mesmas se encontram”
1.2 O papel da ludicidade na afetividade infantil.

Todas as vezes que um adulto busca uma imagem feliz de seu passado, ele o faz se reportando diretamente aos tempos da infância em que brincava no quintal com seus vizinhos ou quando na escola mesmo era convidado a participar dos jogos e brincadeiras propostos pelos professores. Se um adulto faz isso é porque o afeto que lhe foi dispensado ainda na infância o acompanhará por toda a sua vida como marca indelével de uma infância feliz.

É inegável que a ludicidade possui um papel preponderante no que diz respeito à construção afetiva da criança, sobre isso Wallon apud. Maluf (2009, p.14) discorre que: o autor também considera o ser humano como um todo: afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram no mesmo plano. Acredita que a afetividade tem uma função principal no desenvolvimento do ser humano, é através dela que a criança mostra seus desejos e suas vontades.

A afetividade exerce papel de suma importância para a formação de um ser humano saudável, todavia a pergunta que deve ser feita é como o professor de educação física pode estimular o sentimento afetivo em seus alunos para que estes se desenvolvam em todas as suas potencialidades? De acordo com Kishimoto (2010) o jogo e o brinquedo podem ser instrumentos a serviço desse objetivo:

o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la. (p. 40).

É importante entender como funcionam os processos de aquisição de conhecimento na criança, como se dá as interações entre o ambiente externo e os agentes cognitivos. Kishimoto apud. Lavorski (2011, p. 2) aponta para o fato de que as crianças aprendem pela intuição e de maneira espontânea e assim sendo conseguem desenvolver tanto a sua afetividade, quanto o corpo e interações sociais.
Desenvolvendo a sua afetividade o individuo pode estar apto a lidar com os seus medos, suas paixões, seus desafetos, suas emoções, seus sofrimentos, suas perdas e seus ganhos, suas alegrias e tristezas e até mesmo com os seus interesses.

A partir do momento que a criança entender a si mesma ela poderá também entender ao outro e assim criar um ambiente de solidariedade com o mundo a sua volta. Almeida apud Lavorski (2011) declara que o jogo propicia o surgimento da afetividade:
Este jogo permite também o surgimento da afetividade cujo território é dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam os medos, sofrimentos, interesses e alegrias. Uma relação educativa que pressupõe o conhecimento de sentimentos próprios e alheios que requerem do educador uma atenção mais profunda e um interesse em querer conhecer mais e conviver com o aluno, o envolvimento afetivo, como também o cognitivo de todo o processo de criatividade que envolve o sujeito-ser-criança (p. 2)

O desenvolvimento pessoal objetivado nas práticas lúdicas são instrumentos que associados aos fatores socioculturais (a experiência de mundo da criança) podem contribuir para o pleno desenvolvimento das suas potencialidades físicas, mentais e emocionais.

O conhecimento da afetividade através da ludicidade provoca a facilitação das interações sociais, da comunicação e da aquisição do conhecimento, pois a afetividade implica em paixão e a paixão implica em desejo e esse desejo direcionado para a vontade de aprender potencializa a criança a adquirir novos conhecimentos. Aguiar apud Lavorski (2011) falando a respeito das brincadeiras e dos jogos, ele declara:
brincando e jogando, a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional e social, tais afetividade, o habito de pensar concentrada e outras habilidades perceptuais e/ou psicomotoras, pois brincando, a criança torna-se operativa. (p. 2).

Com a aplicação das práticas lúdicas na sala de aula e fora dela e, consequente surgimento do afeto pela interação social e busca do conhecimento será possível entender de uma vez por todas que a educação física, enquanto disciplina não serve tão-somente como pratica recreativa e trabalho corporal.

A educação física é uma disciplina que se legitima através do ensinar por meio da brincadeira, do brinquedo, do jogo e principalmente da afetividade, gerando na criança a experiência e a vivência no hoje e para o amanhã, ao contrário da educação convencional que só consegue enxergar a criança como um ser que deve ser preparado para o futuro, como se o hoje, simplesmente não existisse.

A educação no mundo todo tem se convertido a uma mera sala de aula onde são repassados aos alunos conteúdos programáticos que se tornam por vezes extenuantes e não raro causam um sentimento de repulsa nos estudantes por conta do excesso de trabalhos a serem apresentados e de assuntos a serem absorvidos.

No meio disso tudo se perdeu a força vital do estudo que é a motivação e isto explica de alguma forma o numero crescente de alunos que se evadem das escolas, porque em sua grande maioria não conseguem dar conta de uma carga tão pesada de assuntos e trabalhos.

Os professores por sua vez, parecem mais preocupados em concluir o conteúdo programático do bimestre do que verificar se a sua aula esta de fato interessante e atraente para seus alunos. Eles estão mais preocupados em fechar a caderneta bimestral do que conferir se as aulas estão sendo realmente proveitosas no sentido de que os alunos estejam interagindo com o conteúdo proposto e se há diversão, ludicidade e afetividade no desempenho de suas funções.

1.3 - O jogo Lúdico e sua contribuição

Para pensar a prática de jogo como recurso do processo de ensino-aprendizagem é necessário desmistificar alguns conceitos que se ossificaram no imaginário coletivo. O minidicionário Aurélio o define o jogo como uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que determina a perda ou ganho – brinquedo, passatempo, divertimento. Passatempo ou loteria sujeita as regras e no qual, às vezes se arrisca dinheiro. Regras que devem ser observadas quando se joga.

Para descobrir quais as contribuições que a ludicidade pode trazer para a melhoria do ensino infantil se faz imperativo compreender inicialmente o conceito de jogo quando aplicado a educação. Para Kishimoto apud Rau (2007, p.41) o jogo pode ser definido como: uma ação voluntaria da criança; um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa um resultado final. (sic) o que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe.

O jogo enquanto prática pedagógica tem em seu favor o fato de que não é algo que possa ser imposto às crianças, se trata na verdade de uma atitude que nasce com a própria criança, que parte dela e é direcionada a ela tão somente e o único resultado dessa ação é a satisfação de poder superar as etapas cognitivas tendo como força motivacional o exercício da diversão.

Além de ser criado pela própria vontade da criança, o que encerra com qualquer forma de imposição por parte dos professores e dá a liberdade necessária para a criança descobrir-se enquanto ser criativo, o jogo tem como característica exclusiva e marcante a existência de regras, algo que não se verifica no brinquedo e nem na brincadeira quando aplicado ao ensino.

Um detalhe importante das regras nos jogos lúdicos é que ela a exemplo do próprio jogo não é criada pelos adultos, isto que dizer que a criança, quando de seu processo criador não esta vulnerável a sofrer interferências externas no que diz respeito a sua autonomia de criar. Rau (2007, p 41) diz que o jogo só pode ser jogo quando escolhido livre e espontaneamente pela criança; caso contrario, é trabalho ou ensino.

Dentro da liberdade criativa do jogo a criança tem o poder de delimitar espaços e períodos temporais e assim manter certa ordem dentro de sua criação. Para Kishimoto apud Rau (2007 p 41). O jogo possui como uma característica marcante a existência de regras, tem suas realizações em um tempo e espaço definidos, possui uma localização histórica e geográfica e uma sequência na própria atividade.

O jogo é um instrumento de suma importância que incentiva a criança a vencer etapas cognitivas e assim evoluir em sua capacidade de autonomia na aprendizagem e existe ainda a alegria e a diversão, as crianças estão mais preparadas a buscar novas combinações de ideias e de comportamentos em situações de jogo do que em outras atividades.

Além de operar na criança o crescimento sócio cognitivo o jogo é por excelência um instrumento para a satisfação de várias necessidades infantis, entre elas a necessidade de agir. De acordo com Taffarel et al (1992, pag. 66) o jogo satisfaz necessidades das crianças, especialmente a necessidade de “ação”.

A criança é rica em imaginação e esta sempre a remete a situações de movimento corporal ou que lhe exigem raciocínio logico. No que toca a importância dos jogos lúdicos para o processo de ensino aprendizagem Taffarel et al (1992) diz o seguinte:
Não sendo o jogo aspecto dominante da infância, ele deve ser entendido como “fator de desenvolvimento” por estimular a criança no exercício do pensamento, que pode desvincular-se das situações reais e leva-la a agir independentemente do que ela vê (p. 66).

Ao operar a prática do jogo a criança interage com o sentido de tudo o que faz, ou seja, de sua pratica autônoma de estabelecer regras, delimitar espaço e tempo e de vencer etapas através dos problemas que elas mesmas se propõem. Taffarel et al (1992,) considera que :
quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência. (p. 66).

A criança pode através dos jogos lúdicos desenvolverem a capacidade de autonomia e de decisão diante de problemas que lhes são apresentados na forma de fases nos jogos lúdicos. Uma característica elementar neste tipo de atividade é o fato de ele proporciona uma evolução na consciência infantil.

1.4 O brinquedo e a Brincadeira

Por muito tempo tem se pensado no brinquedo apenas como objeto de divertimento para a criança ou como denuncia Kishimoto apud. Maluf (2009, pág. 43) “o brinquedo é entendido como objeto, suporte da brincadeira. Todavia, vários pensadores da educação têm visto no brinquedo um elemento repleto de significados”. A esse respeito Maluf (2009) declara:
é verdade que o brinquedo é apenas um suporte para a brincadeira, e é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade também que, sem brinquedo, é muito mais difícil realizar uma brincadeira, pois é ele que faz com as crianças simulem situações. (pag.45).

O brinquedo é para muito além de um suporte de realização da brincadeira uma chave que dá abertura para diversas possibilidades de interpretações e significados para a criança, nesse sentido o brinquedo não precisa ser um objeto necessariamente criado para o entretenimento, mas pode ser um objeto qualquer que posto à disposição da criança fará com que ela use como lhe aprouver. Freire (2009) chama atenção para este fato:

para quem fantasia como nossos pequenos alunos, um copo de plástico, que normalmente jogamos fora, pode ser revivido e transformado em algum objeto importante no contexto do brinquedo. Caixas de papelão transformam-se em casas, pedaços de madeira viram mesas, cadeiras, armários, tampinhas de garrafa convertem-se em galinhas, pintinhos, chapéus. Não há o que não ganhe vida, nome e significado na atividade incessante de brinquedo e trabalho das crianças na primeira infância. (p.33).

O brinquedo é, portanto um mote para que a criança possa exercitar a sua imaginação a partir de um determinado ponto que é, a saber, um objeto qualquer que suscite o imaginário infantil dando a criança diversas possibilidades de invenção de brincadeiras. O brinquedo não é um fim em si mesmo, na verdade ele é um meio pelo qual a criança interage e recriar ou reinterpreta o mundo a sua volta.

A escola tem a seu favor o fato de que o brinquedo não precisa ser necessariamente algo tão aprimorado para chamar a atenção da criança, na verdade se trata tão somente de um objeto que posto ao alcance dela pode se potencializar em elemento da pratica lúdica. Sobre essa realidade Freire (2009) se posiciona da seguinte forma:

o brinquedo não precisa ser tecnologicamente sofisticado para ser bem utilizado pela criança. O fato é que um brinquedo ainda não se constitui com tal enquanto não cair nas mãos (ou nos olhos) da criança. Ele será brinquedo quando estiver sendo brincado, ai, não é necessário que seja comprado numa loja especializada. Pode mesmo ser qualquer dos objetos descartáveis que já não servem para os adultos, que chegaram ao fim de sua historia e não servem mais. É ai que a criança começa uma outra historia, na qual ela própria se insere (p. 34)

A criança faz uso de qualquer objeto que prenda a sua atenção em favor da sua diversão, portanto é um erro gravíssimo achar que ela só pode estar alegre se estiver com um brinquedo que fora comprado em loja especializada e com um alto padrão de acabamento, muitos professores tem pecado em não ajudar os seus alunos no pleno exercício de sua criatividade para a realização de esquemas lúdicos, quando estes tentam lançar mão de diversos objetos para utilizá-los em suas brincadeiras.

No ato de brincar a criança projeta em seu brinquedo todos os seus anseios, desejos e fantasia, não é por acaso que elas constroem casas de papelão e brincam de serem carpinteiros ou médicos ou donas de casa. É que existe nelas um desejo latente de vivenciar o mundo dos adultos e elas o fazem por meio da pratica lúdica sem qualquer compromisso verdadeiramente serio. Sobre essa questão Gonçalves (2006) responde:

o brinquedo cria na criança uma nova forma de desejo. Ensina a desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo, e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (pág., 144).

A criança transporta para o brinquedo toda representação do seu entendimento do mundo que a circunda, quer dizer, a criança reinterpreta o mundo a sua volta de maneira que ao fazer isso ela cresce em níveis consideráveis no que tange o seu desenvolvimento intelectual. “Brougère (2008 pág. 62)” sugere que a brincadeira não pode estar limitada ao agir. O que a criança faz tem sentido, é a logica do fazer de conta e de tudo o que Piaget chama de brincadeira simbólica (ou semiótica).
Se a proposição de Brougère for repensada no sentido da valoração do brinquedo e da brincadeira não apenas como instrumentos que se limitam a mera ação, então será possível perceber que, além disso, existe o fato de que o eles são a representação cabal que a criança faz do mundo dos adultos.

A brincadeira tem como uma de suas características o fato de que ela pode ser herança familiar, resultado das experiências ancestrais das diversas criações infantis. A brincadeira é um exercício comum na infância, ela envolve ações espontâneas e que provocam o prazer de que as crianças tanto necessitam. Algo semelhante diz Maluf apud. Mauricio (2011, pág. 3) A brincadeira transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração a outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.

Mesmo não tendo aprendido as brincadeiras tradicionais com seus familiares as crianças são capazes de construir por via de seu próprio imaginário as brincadeiras que lhes convém, aquelas que de alguma forma se adequam a sua realidade sociocultural.
Ao fazer uma relação entre brinquedo e brincadeira com o jogo kishimoto apud. Mauricio (2011, pág. 

3) afirma que é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras de jogo, ao mergulhar na ação lúdica, pode-se dizer que o lúdico em ação. Desta forma brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.
Brinquedo e brincadeira são dois instrumentos lúdicos intrinsecamente ligados, enquanto o jogo habita em outra esfera, não menos importante, todavia diferenciada, já que o brinquedo a brincadeira sugerem e exigem da criança novas condições para manifestar a sua criatividade.

2 - Como levar à criança a aprendizagem através da ludicidade
Para entender os caminhos pelos quais a criança deve chegar ao aprendizado se faz necessário inicialmente entender a que tipo de aprendizado se pretende chegar, qual o objetivo do ensino e que necessidade a aprendizagem busca sanar. Entre essas e outras esta questões existe ainda o fato de que a ludicidade é uma necessidade elementar da criança ou nas palavras de Almeida apud. Almeida (2005, pág. 1) o brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa.

Não é de hoje que educadores de todo mundo têm colocado a necessidade de brincar como fator essencial no processo de ensino-aprendizagem, a declaração universal dos direitos da criança- ONU (1959) alocava essa obrigação:
... A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e as atividades recreativas, que devem ser orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforça-se por favorecer o gozo desse direito.

A escola para muito além de ensinar apenas, deve saber ensinar brincando. Fazendo com que a criança se divirta ao mesmo tempo em que absorve o conhecimento, e isto não quer dizer que o professor deve deixar a criança à vontade, ou melhor, abandonada em si mesma. Sobre isso escreveu Brougère apud. Dohme (2003)

como, pois, conciliar essa necessidade de jogar que é irresistível na criança com a educação que se deve dar-lhe muito simplesmente fazendo do jogo o meio de educar a criança. O jogo é um fim em si mesmo para a criança; para nós, deve ser um meio. Dai este nome “jogos educativos”, que tende a ocupar cada vez mais espaço em nossa linguagem de pedagogia maternal. Não se trata, portanto, de deixar a criança livre de sua atividade, abandonada a si mesmo: “a criança deve jogar, mas todas as vezes que você lhe dar uma ocupação que tem a aparência de um jogo, você satisfaz essa necessidade e, ao mesmo tempo, cumpre o seu papel educativo (p. 79).

A predisposição natural da criança em querer brincar deve ser aliada a sua necessidade de aprender, mas como fazer isso de maneira que nenhum destes pontos fique prejudicado? Isso só pode ser possível se houver um esforço comum no sentido de se entender que a ludicidade é para a criança um objetivo final, que não acarreta em outras implicações. E para o professor os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são meios pelos quais devem ser aplicados os seus ensinamentos.

Trabalhar a ludicidade não significa abandonar a criança as suas próprias contingências, quer dizer a sua própria vontade de brincar sem quaisquer parâmetros, se assim o fosse a ludicidade não se configuraria em ensino, mas em mera distração ou Passa-Tempo para crianças. Os jogos educativos são a união da pratica de ensino e da satisfação das necessidades que a criança tem de se divertir. Para Santos (2008) a educação pela ludicidade constitui-se em uma nova visão de mundo:

A educação pela via da ludicidade propõe-se de uma nova postura existencial cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando, inspirado numa concepção de educação para além da instrução. Para que isso aconteça é preciso que os profissionais da educação reconheçam o real significado do lúdico para aplicá-lo adequadamente, estabelecendo a relação entre o brincar e o aprender (p. 24).

A prática lúdica e seu envolvimento na educação é uma ideia que advém de um novo modo de se enxergar a educação não apenas como meio de ensino, mas também como fonte satisfação das necessidades de diversão que estão alocadas na infância.

2.1- o brincar e a educação

É inegável a importância da ludicidade no processo educacional. Piaget por exemplo analisou durante toda a sua vida os processos de aquisição do conhecimento a partir do uso dos brinquedos. Os pensadores da educação tem se dedicado nestes últimos anos a conceber o ensino a partir da perspectiva da ludicidade. Isto quer dizer não o ensinar pelo ensinar somente, mas o ensinar pelo vivenciar.

Num primeiro momento parece ser tarefa fácil aliar o ensino a educação. Todavia a experiência nos países europeus mostrara o contrario. Moyeles (2006, pag. 47) “aponta para a falta de espontaneidade nas brincadeiras teatrais na Alemanha, pois as crianças apenas seguiam um roteiro preexistente e não criavam absolutamente nada”. Com relação ao ensino lúdico na china Moyeles (2006) afirma:

O currículo da às crianças oportunidades para dançar e encenar musicas e historias, mas não parece permitir que elas realizem livremente atividades de sua própria escolha. Entretanto, nos últimos anos, houve mudanças radicais nas pré-escolas em algumas partes da china, e em Nanjing eu vi crianças brincando tão livremente e com tanto entusiasmo e concentração como observo em qualquer lugar do reino unido (p. 48)

Como é possível observar a ludicidade e seu envolvimento com a educação ganha diferentes sentidos em varias partes do globo. Todavia o entendimento que se tem do brincar associado ao ensinar é que aquela consiste em satisfazer as necessidades que a criança tem de se divertir, enquanto esta se constitui na preparação do individuo para a vida. Logo a educação e ludicidade unidas formam um instrumento que atende duas necessidades elementares na infância, a saber, o ensino e a diversão. Vigotski apud Santos (2009) reintera a importância do brincar para a educação:

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

O brincar é instrumento indispensável na busca de novas possibilidades de interpretação e de se estabelecer a construção de novas relações sociais. Quando a criança brinca, ela cria, imagina, opera construções cognitivas e principalmente se diverte.

Mas muitas pessoas pensam o contrario. Imaginam que a escola não é lugar de brincadeira. Em particular os pais são muitas vezes da opinião que seus filhos só poderão aprender se abrirem mão das brincadeiras e que estas só devem ter lugar na primeira infância, para, além disso, a vida passa a ser algo “sério” e estará comprometida se o individuo não se dispuser a abandonar as brincadeiras. A esse respeito Toledo apud Santos (2009) levanta as seguintes questões:

Ao considerar as brincadeiras das crianças como algo que atrapalha a aprendizagem, a escola começa a separar os momentos que são para “aprender” dos que são para “brincar”. Porque esses momentos precisam ser separados? Porque as crianças precisam deixar de brincar para serem transformadas no adulto? Porque o adulto não pode brincar

As questões colocadas por Toledo são pertinentes no sentido de que problematizam uma tradição de ensino que se assenta na exclusão do brincar como instrumento de ensino. Cabe agora entender como recriar uma escola que atenda as necessidades que a criança tem de brincar e o professor tem de ensinar. Wajskop apud Santos (2009) vê na brincadeira um papel educativo de suma importância quando incluído nos planos da escola:

Nesta perspectiva, a brincadeira encontraria um papel educativo importante na escolaridade das crianças que vão se desenvolvendo e conhecendo o mundo nesta instituição que se constrói a partir exatamente dos intercâmbios sociais que nela vão surgindo: a partir das diferentes historias de vida das crianças, dos pais e dos professores que compõem o corpo de usuários da instituição e que nela interagem cotidianamente

A escola deve ter como objetivo aliar a disposição das crianças em brincar com a experiência que elas desde já trazem consigo e o conhecimento acadêmico de que a própria escola dispõe para efetivar o ensino lúdico dentro das salas de aula que só poderá ser concretizado se a escola se permitir entender que a recreação é uma necessidade básica do ser humano e que a criança deve ter total autonomia na construção imaginativa de suas brincadeiras.

2.2 o brincar e sua aplicabilidade na sala de aula
Muito se tem falado da necessidade de inserir as praticas lúdicas na escola, todavia interessa saber como o brincar pode ser colocado na sala de aula de maneira que este se alie ao processo de ensino aprendizagem? Mas antes de procurar respostas a estas indagações se faz importante relacionar as prerrogativas da ludicidade para que esta faça parte do currículo escolar. Para tanto vale a pena citar a relação feita por Santos (2010) que justifica a importância da ludicidade:

O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator de desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudo e de pesquisa e hoje é a questão de consenso a importância do lúdico.
Dentre as contribuições mais importantes deste estudo podemos destacar:
• As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resistência”, pois permitem a formação do auto conceito positivo;
• As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente;
• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a interação da criança na sociedade;
• Brincar é uma necessidade básica assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;
• Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói o seu próprio conhecimento;
• O jogo é essencial para a saúde física e mental;
• O jogo simbólico permite a criança vivencias do mundo adulto e isto possibilita a mediação entre o real e o imaginário. (p. 20).

Na avaliação de Santos as atividades lúdicas operam na criança o crescimento da auto-estima, autoconfiança e autonomia, características que não conquistariam de outra forma. As brincadeiras dão aos infantis oportunidades para exercitarem a sua liderança, pois elas detêm total controle imaginativo sobre suas ações.

As atividades lúdicas operam em três dimensões do desenvolvimento humano, que são, a saber: a dimensão afetiva, a dimensão social e a dimensão cognitiva. Nesse sentido, a escola deve aprender a olhar por essas três perspectivas, já que ela desenvolve as habilidades emocionais, físicas e mentais do individuo.

O brinquedo e o jogo constituem-se em produtos culturais, isto quer dizer que eles têm como características o fato de proporcionar às crianças a interação com a sociedade que a circunda. A ludicidade deve ser entendida como necessidade básica do individuo, tão básica quanto é a alimentação, a nutrição e a habitação.

Através da ludicidade a criança consegue formar conceitos, estabelecer relações, organizar e reorganizar idéias, desenvolver o raciocínio lógico, aprender a expressar-se oral e corporalmente, reforça as habilidades físicas, diminui o grau de agressividade e aprende os conhecimentos que lhe são expostos.

A ludicidade permite a criança simular, ao seu modo, as vivências do mundo adulto e assim criar os seus conceitos e interpretações daquilo que seja a vida de adulto. Desta forma, a criança interage com o mundo real a sua volta e ao mesmo tempo em que exercita a sua imaginação. Neste sentido, o brincar pode ser considerado como instrumento inseparável do processo de ensino-aprendizagem e as suas aplicações não devem estar desalienada do ato de estudar.

De acordo com a pesquisa realizada na escola, foram entrevistados 30 professores, sendo que 100% dos entrevistados responderam “’SIM”, isso demonstra que as atividades são relacionadas com outras disciplinas trabalhadas em sala de aula, que são pontos positivos para a qualidade da educação.
Tendo em vista que os 30 dos entrevistados responderam “Sim” foi possível observa que 100% dos professores concordam que as atividades lúdicas podem ajudar a socialização e interação dos alunos, sendo esse um fator positivo para o desenvolvimento de nossos educandos.
O gráfico 3 refere-se a freqüência que se trabalha as atividades lúdicas.

Em grau de importância, 50% dos educadores, responderam que trabalham Diariamente com atividade lúdicas, 30% disseram Semanalmente, 10% Mensalmente e 10% Outros, e a partir destas informações podemos observa que a maioria dos professores trabalham com freqüência com seu educandos o lúdico.

A partir das respostas obtidas, foi possível observa que 40% dos educadores responderam que o Afetivo é o objetivo principal no seu planejamento. 30% citaram o Social, 20% disseram Cognitivo e nenhum dos entrevistados opinaram pela alternativa Motor, sendo assim podemos definir que quase a metade dos professores categorizam o Afetivo como prioridade.
O Gráfico 5 demonstra que através de brincadeira e jogos a criança desenvolve melhor seu raciocínio em sala de aula.

Escola Municipal de Ensino Infantil Meu Pé de laranja Lima

Em relação às brincadeiras e aos jogos 100% dos entrevistados responderam “Sim” desta forma podemos concluir que as brincadeiras e os jogos são objetos de suma importância para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos da educação infantil.

CONSIDERAÇOES FINAIS

A abordagem realizada neste trabalho de conclusão de curso procurou estabelecer pontos de contato entre as discurssões teóricas em torno do papel do professor de educação física na atual conjuntura. E a ludicidade enquanto novo paradigma de educação.
Este enfoque só pôde ser efetivado a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica aliada a um trabalho de campo que se operou na escola Meu Pé de Laranja Lima. A partir dos parâmetros estabelecidos foi possível ponderar em torno do tema proposto por este artigo.

A ludicidade enquanto instrumento de ensino na sala de aula é uma experiência nova. Ela tem sido reclamada por vários teóricos da educação e tem ganhado grande expressão e aceitação durante as ultimas décadas pelos profissionais do ensino. A instituição do ensino lúdico na escola pretende incorporar a satisfação das necessidades elementares que a criança tem de brincar e ao mesmo tempo fazer com que ela possa aprender. Neste sentido a educação pela ludicidade resume-se a aprender brincando nas palavras se Santos (2008, pág. 24).

O papel do professor de educação física é sobremaneira fundamental nessa circunstância, já que será o condutor da concretização da pratica lúdica na sala de aula. As aulas de educação física deverão dar o suporte necessário para a construção do conhecimento dando á criança a oportunidade de descobrir-se enquanto sujeito autônomo e construtor de suas ações tanto no plano físico, afetivo e social.
O professor de educação física tem a sua frente o desafio de somar os conhecimentos técnicos que aprendera na academia e as novas possibilidades ensejadas pelos estudos da ludicidade, além de considerar os conhecimentos prévios da criança que não podem ser descartados, pelo contrario devem servir como ferramentas a favor do ensino.

Muitos pensadores cogitam a possibilidade de que haja no curso de educação física disciplinas direcionadas a ludicidade na sala de aula. Santos (2008, pág. 21), por exemplo, advoga a necessidade estabelecer-se no contexto da formação de profissionais da educação as disciplinas de caráter lúdico.
A necessidade de formação lúdica para os professores decorre da necessidade de preparação por parte desses profissionais para confrontar-se com a demanda de alunos ávidos por uma educação que se desenvolva a partir da diversão, do jogo e da utilização do brinquedo e das brincadeiras.

Para os professores que já se deparam com a realidade da sala de aula a situação parece ser um pouco mais delicada, já que para estes só um processo de formação contínua poderia lhes fornecer os fundamentos necessários para compreender e realizar as práticas lúdicas em suas turmas. Dhome (2009, pág. 114) aponta para uma solução quando diz que o educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando possibilidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializa-las e harmoniza-las.

No meio de tantas duvidas e questões sobre o papel da ludicidade e do professor na educação infantil existe a certeza de que a educação física é uma disciplina que se torna fidedigna por ser a que por essência ensina por meio da brincadeira, do brinquedo e do jogo, componentes intrínsecos da construção de um ensino lúdico na escola.

Entre os principais componentes da ludicidade encontra-se o jogo que como instrumento de prática pedagógica não pode ser imposto ás crianças, porque deve ser um desejo que surgirá na própria criança e que dirá respeito somente a ela. O resultado que o jogo deve suscitar na criança é o de que ela possa ser impelida a superar novas etapas que lhes são propostas.

Já o brinquedo é entendido muitas vezes como suporte para a brincadeira apenas, mas muitos teóricos tem visto nele a possibilidade de diversas interpretações e significados para a criança. De acordo com Freire (2009, pág. 45) o brinquedo não precisa ser um objeto feito para este fim, mas pode ser qualquer objeto que colocado ao alcance da criança pode representar aquilo que a criança desejar.

O papel da escola na perspectiva do ensino lúdico deve ser para muito além de apenas impor conteúdos programáticos o de ensinar brincando, permitindo que a criança se divirta se alegre e se sinta confortável ao mesmo tempo absorve os saberes necessários para sua formação.

A importância das praticas lúdicas no ensino infantil já uma realidade no cenário da educação mundial. Muitos estudiosos se debruçaram a entender a influencia que os jogos, brinquedos e brincadeiras exercem sobre o indivíduo quando de sua infância.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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CERVO E BERVIAN apud. MATOS, Mauro Gomes, Metodologia da pesquisa em educação física: construindo a sua monografia, artigos e projetos. Ed. Phorte, 2008. São Paulo.

Lakatos, E. M; Marconi, M. A. Metodologia cientifica. São Paulo, Atlas, 2007.

GONÇALVES, Nezilda L. G. Metodologia do ensino da educação física, Curitiba, Ibpex, 2006.

SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho cientifico. Ed. Cortez, 23 edição, 2008. São Paulo.

FREIRE, João. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. Scipione, 2009. São Paulo.

MATOS, Mauro G. Metodologia da pesquisa em Educação Física: construindo sua monografia artigos e projetos. Phorte, 2008, São Paulo.

MATOS apud DAYRELL, Mauro G. Professoras primárias X atividades lúdicas: esse jogo vai para a prorrogação. Autores associados. 2006 Campinas- SP.

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SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 8. Ed.- Petrópolis, RJ: VOZES, 2010.

DOHME, Vania. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado| 5.ed.- Petrópolis, RJ: VOZES, 2009.