9/09/2020

Análise literária da canção "Porto velho bem me quer", de Zezinho Maranhão

 Música Regional de Rondônia


Zezinho Maranhão

Zezinho Maranhão, como o próprio nome já indica, é natural do estado do Maranhão, porém seu coração e sua arte cantam as belezas do estado de Rondônia, e em especial, da cidade de Porto Velho. Como todo artista regional ele está comprometido em falar das coisas e dos lugares que despertam o seu interesse.

Zezinho Maranhão faleceu no ano de 2013, vítima de assassinato, no entanto sua obra permanece viva e cada vez mais presente no dia-a-dia do povo de Rondônia, entre suas músicas destacam-se: Vitória régia, (Porto Velho, velho porto), fale por mim e Porto velho bem me quer.


Porto Velho bem me quer (Zezinho Maranhão)

A este porto tão antigo

Onde um dia atraquei

Fui trazido a reboque

Das pororocas que encontrei

Porto Velho vai seguro

Me acolheu com distinção

Me deu vida, me deu vida

Pra viver com emoção


Porto Velho os teus rios

Teus caboclos e aldeias

Seringueiros nas florestas

Garimpeiros em terras cheias


Tuas gentes, cachoeiras

Tua forma de encantar

Tuas matas, o teu céu

Tuas noites, teu luar


Os teus campos, teus mistérios

Tuas lendas nos teus contos

Cobra grande, boto rosa

Nas barrancas do madeira


São João a festejar

Noite clara, lua cheia

Belas moças conquistar, eia...


São João a festejar

Noite clara, lua cheia

Belas moças conquistar, eia, eia...


São João a festejar

Noite clara, lua cheia

Belas moças conquistar, eia, eia...



A canção “Porto Velho bem me quer”, de Zezinho Maranhão é um tesouro da música popular regional, posto que revela toda a admiração do compositor, recém chegado às terras de Rondônia, em particular, a cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia e a ela lhe presta essa linda homenagem.

O narrador que conta a história nessa linda canção parece ser alguém que vem de muito longe e que não encontra repouso em lugar algum até chegar ao seu “porto seguro” e finalmente acha o seu lugar de descanso onde pode fazer morada e enfim criar raízes.

O narrador traz à tona elementos marcantes que dizem respeito não somente às características de Rondônia, mas de toda a Amazônia. Zezinho Maranhão nos lembra dos rios, dos caboclos, das aldeias e de tudo aquilo que representa o modo de ser e de viver daquele povo, mas que muito se assemelha ao modo de ser e de viver de todo o povo da Amazônia.

Ele lembra ainda dos seringueiros, trabalhadores que ganhavam a vida extraindo o látex, espécie de seiva retirada das seringueiras, planta nativa da região Amazônica. O látex era a matéria- prima utilizada na fabricação de vários produtos, mas principalmente da borracha. A atividade dos seringueiros tem uma relação direta com a própria história do estado de Rondônia, uma vez que nesse lugar esse tipo de trabalho se desenvolveu de forma intensa no período histórico que ficou conhecido como “ciclo da borracha”.

Zezinho Maranhão relembra os caboclos da Amazônia, o modo de vida ribeirinha dessas pessoas, das aldeias - que são habitações onde moram os índios - nativos da região. Ele lembra os rios que atravessam o estado de Rondônia, o famoso rio madeira com suas incríveis histórias que remontam a muitos e muitos anos.

O autor rememora a figura do garimpeiro, aventureiros que saíram dos mais remotos lugares para se aventurarem nas matas fechadas da Amazônia em busca do metal precioso para fazerem riqueza. O autor celebra as belezas das cachoeiras, das matas, da noite e do luar de Porto Velho.

O compositor fala de personagens que fazem parte do folclore da Amazônia como o Boto Rosa, que segundo a lenda pode se transformar em um formoso homem que atrai as moças virgens das regiões ribeirinhas e ele lembra da Cobra Grande que amedronta a vida das dos ribeirinhos que moram às margens do rio Madeira. E para finalizar, Zezinho Maranhão presta homenagem a São João e relembra as noites claras de festas com a lua cheia e as belas moças da cidade.


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