1/17/2012

O LUDICO E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

RESUMO

Este artigo de conclusão de curso é o resultado de um estudo bibliográfico e de uma pesquisa de campo realizada na escola Meu Pé de Laranja Lima. Trata-se da verificação de como é operada a prática lúdica na sala de aula e como os professores da educação infantil tem lançado mão da ludicidade como instrumento a favor do ensino infantil.

PALAVRAS- CHAVES: ludicidade, professor, educação infantil.

ABSTRACT

This article of completion is the result of a detailed bibliographic study and intensive field research in school my orange tree file. This is the check is operated as a recreational practice in the classroom and how teachers of early childhood education has made use of playfulness as a tool for teaching children. From the readings based on the theoretical study and visualization of data collected were measured for all results where the conclusions are drawn in this article.

INTRODUÇÃO

A palavra lúdico encontra as suas raízes no original grego ludus que do ponto de vista etimológico quer dizer jogo, Todavia, o termo é utilizado atualmente como expressão de recurso pedagógico na sala de aula, isto é, a ludicidade esta sendo tomada hoje em dia como uma nova possibilidade de construção integral e da satisfação das necessidades do individuo no que tange a sua formação enquanto sujeito social.

Outrossim, A ludicidade é uma tentativa de trabalhar com a criança a articulação da realidade sociocultural em que ela esta inserida. As atividades devem ser significativas no sentido de representarem na criança a satisfação de suas necessidades mais elementares sejam elas de que ordem for. A educação física devera ajudar na construção do conhecimento, dando acesso aos conhecimentos do mundo físico, afetivo e social.

Nesse contexto o lúdico pode ser caracterizado como o fazer diferente, onde é permitido ao professor produzir e reproduzir para a criança diferentes instrumentos pedagógicos de acordo com a imaginação, criando novas possibilidades sempre a espera de um melhor resultado no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, podendo alcançar resultados satisfatórios.

A ludicidade vai oportunizar ao educando uma melhor compreensão nas brincadeiras, pois a partir daí ele tem a possibilidade de interagir com os demais colegas e criar um ambiente de coleguismo dentro e fora da sala de aula, pois esse é um dos primeiros benefícios oriundos dessa pratica pedagógica.
A ludicidade traz também para a sala de aula a possibilidade do contato com o brinquedo e é através dele que a criança consegue estabelecer contato com o mundo, isto quer dizer o aluno pode experimentar o mundo a sua volta através do tato, através desse sentido ele pode interagir com os objetos que o circundam.

Nos jogos os alunos conseguem superar as suas capacidades cognitivas e assim ampliar seus conhecimentos através da concentração e há também a vantagem de nos jogos eles se auto exigirem um esforço intelectual que provavelmente não realizariam em uma aula comum.

A inclusão das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem tem sido alvo de muitas discussões no que se refere ao fazer de cada professor. Com a retomada do tema, por parte de educadores contemporâneos, que tem constatado que a escola tradicional tem se transformado em um espaço de negação da ludicidade, onde os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, quando utilizados cumprem apenas o papel de divertir e jamais como instrumento na construção do conhecimento.
Entende-se, portanto que a formação do professor pode favorecer essa prática. Historicamente as praticas lúdicas são usadas somente com a finalidade recreativa, apenas como uma forma de entretenimento e lazer. A escola ao invés de incentivar a prática lúdica em sala de aula tem ao contrario tolhido qualquer atitude que fuja aos seus parâmetros e isso não passa somente pela ludicidade, mas também com os diversos saberes não enquadrados em seus padrões.

A escola muitas vezes tem revelado um caráter excludente ao rechaçar as atividades lúdicas do seu quadro de recursos didáticos, pois ao invés dela se tornar uma extensão da vida social, acaba por tornar-se uma instituição que não contribui para a completude do individuo enquanto sujeito social.

Uma das contribuições que este artigo apresenta para a comunidade é o fato de questionar a maneira como vem sendo trabalhado a ludicidade em sala de aula e quais os parâmetros utilizados para o uso da ludicidade. E no que toca o papel do professor no sentido de criar um ambiente propicio ao aprendizado e divertimento, ou seja, de um ambiente com educação e ludicidade. A pretensão deste trabalho é apontar novas possibilidades para um ensino que seja ao mesmo tempo a diversão e um espaço de interação entre os alunos.

PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A construção deste artigo tem por base um estudo que se efetuara em duas formas, uma pesquisa bibliográfica baseada em referenciais teóricos relacionados ao tema deste artigo, e uma pesquisa de campo que será executada a partir de dados coletados em questionários aplicados aos professores da Escola Meu Pé de Laranja Lima. De acordo com Lakatos (2008), a pesquisa bibliográfica trata:

“De um levantamento de toda bibliografia já publicada, forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na analise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações”(p.43-44).

Nesse sentido as análises bibliográficas foram de suma importância para a pesquisa deste trabalho uma vez que todos os questionamentos e deliberações nele propostos estão fundamentados a partir da leitura de teóricos que se debruçaram a estudar a problemática que aborda o presente artigo.

A contextualização do assunto torna-se algo imprescindível para melhor entender os aspectos que envolvem especificamente os elementos que constituem os problemas existentes na aprendizagem do aluno, além de fornecer estratégias de ações para uma tomada de decisão para os caminhos a serem seguidos. As argumentações elencadas são fundamentadas pelo referencial teórico dos autores que serão citados neste artigo.

Outra fonte de estudo importante para este trabalho é a pesquisa de campo, que de acordo com Severino (2008).

É o objeto-fonte abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde os levantamentos (surveys), que são mais descritos, até estudos mais analíticos (p. 123).

.A pesquisa de campo é um fator de extrema necessidade para este artigo, pois a análise de um objeto-fonte em suas condições de existência dá a credibilidade e veracidade necessárias ao artigo em questão. Além do mais, a pesquisa de campo tem a seu favor o fato de que ela não pode ser interferida pelo pesquisador uma vez que os dados são coletados a partir das condições naturais em que os fenômenos ocorrem como ressalta Severino (2008).

A pesquisa de campo será efetivada na escola Municipal Meu Pé de Laranja lima, situada na avenida presidente Vargas no centro de Macapá, Ela conta com um contingente de aproximadamente trezentos alunos do ensino infantil, distribuídos em dois turnos, manhã e tarde. O numero de professores residentes na escola é da ordem de 10 docentes dos quais todos serão entrevistados para a constituição deste artigo.

A pesquisa será realizada por meios de questionários que segundo Oliveira (2010 p. 27) “é um tipo de entrevistas em que perguntas e respostas são fechadas e o informante apenas escolhe entre as varias opções de respostas dadas pelo entrevistado”.

O questionário formulado aos docentes foi realizado a partir de perguntas fechadas, quer dizer por meio de questões diretas com múltiplas repostas que ficou a escolha dos professores. A importância desses questionários reside no fato de que eles se constituíram em um material valioso para análise da pesquisa efetuada neste artigo, de acordo com Cervo e Bervian (2002) diz:

[..,] que o questionário é a forma mais utilizada para coletar dados, possibilitando dados, possibilitando medir com a exatidão o que deseja. [...] Com esse instrumento, o informante responde por escrito a questões estruturadas e relacionada com terma da pesquisa. [...] As questões devem estar claras para que o informante responda com precisão, evitando dúvidas. (p. 67).

É o que se define este estudo, procurar buscar as informações necessárias de tal forma que sirvam como apoio de material da pratica de campo todas as questões levantadas do questionário em anexo durante o processo de elaboração deste documento, uma vez que se destina averiguar sobre a realidade do jogo, brinquedo e brincadeira no processo ensino-aprendizagem e do licenciado de Educação Física.
Já que o educador tem de incentivar o educando a ter uma visão total do seu universo de suas atividades, como o raciocino lógico, percepção, socialização e integração. Segundo Gonçalves (2006, p. 83) “a educação física como uma área do conhecimento da cultura corporal de movimento e a educação física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento.”.

Mais do que qualquer outro educador, o professor de educação física é um licenciado apto a ensinar a cultura corporal através dos jogos, brincadeiras e brinquedos. Pois é na infância que o individuo aprende coisas que serão decisivas para toda vida, neste sentido o professor de educação física é responsável pela formação integral e não parcial dos indivíduos.

Uma educação voltada para a ludicidade pode mudar a vida de qualquer individuo ajudando-o quanto a formação de sua personalidade. Sobre isso Freire (2009, p.62) discorre: “do ponto de vista pedagógico a importância do jogo de construção na escola da primeira infância é inegável, uma vez que através dele é possível perceber como a criança esta se socializando, como esta se inserindo no mundo social”.
Não há duvidas quanto à importância da ludicidade na primeira infância e de como ela pode ajudar a criança a desenvolver-se socialmente como individuo sadio que saberá estabelecer suas relações sociais.

A pesquisa de campo foi executada a partir de dois métodos de procedimentos, a saber: o método descritivo e quantitativo. O método descritivo de acordo com Matos (2008, p.35): “Tem como características observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores”.

Portanto, o procedimento aplicado refere-se a um determinado grupo de professores e suas atividades pedagógicas, investigação esta que procura aspectos de um evento específico de uma amostra, tentando aprofundar de maneira integral e cientifica no contexto de sua realidade, para compreensão dos fenômenos existentes.

Nesse sentido compreende-se que a descrição do fenômeno estudado é parte integrante da construção da pesquisa proposta neste artigo, uma vez que serão observadas todas as respostas de cada professor entrevistado e todos os dados coletados serão mensurados a partir do confrontamento com as proposições dos teóricos cujas obras foram estudadas durante esta pesquisa.

Outra forma de método de procedimento que foi utilizado nesta pesquisa é o método quantitativo que de acordo com Oliveira (2010 p.26): é um método que “parte do principio de que, para estudar o homem e a sociedade, é possível utilizar a mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais”. Salienta-se por incorporar o racionalismo lógico dos números aplicados como método científico e tradução dos eventos estudados. Severino (2007, p 119) “é preferível falar-se de abordagem quantitativa, pois cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referencias epistemológicas.

Significa dizer que esta abordagem passa pela tradução da natureza dos fatos coexistentes em si, neste caso em particular, a relação que o objeto de estudo possui de acordo com seu ambiente social, econômico e político numa concepção racionalista do conhecimento. A abordagem quantitativa interpretará opiniões coletadas através dos recursos estatísticos, como percentagem, média, etc.
Através da pesquisa quantitativa fora possível apreender uma serie de informações coletadas nas entrevistas e nas observações realizadas na escola Meu Pé de Laranja Lima. Os dados coletados formaram um quadro estatístico em que foram mensurados os dados diversos e deles tirados os resultados finais da pesquisa do presente artigo.

As questões propostas aos professores da escola meu pé de Laranja Lima tem a ver principalmente com a maneira de como eles trabalham (e se trabalham) a ludicidade no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula.

Nesse sentido uma serie de questões foram suscitadas para entender como funcionam os mecanismos de aprendizagem na escola meu pé de Laranja Lima. A partir dessa preocupação pretende-se descobrir as aplicações das respostas dadas as perguntas e a aplicação das informações coletadas para o devido funcionamento da pratica lúdica em sala de aula.

1-. O LÚDICO E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO INFANTIL.

O lúdico e a ação do professor do ensino infantil são instrumentos de suma importância para o processo de ensino na vida da criança, pois ele é (ou deveria ser) capacitado para trabalhar cada etapa do desenvolvimento, como os aspectos cognitivo, afetivo, social e motor.

O educador deve somar os seus conhecimentos específicos da área aos conhecimentos prévios da criança, quer dizer o professor não pode desconsiderar o conhecimento que a criança traz de sua casa, apesar de sua pouca experiência com o mundo.

A partir do momento que este educador trabalha o lúdico através do jogo, brinquedo e brincadeira, a criança se desenvolve e adquire aptidões comportamentais e educacionais que jamais desenvolveria se experimentasse uma educação convencional. Esta aprendizagem irá refletir em toda vida da criança no processo ensino-aprendizagem. Ao discorrer sobre as vantagens de se implementar os jogos na sala de aula Goncalves (2006), diz o seguinte:

O jogo é um meio de expressão e comunicação de primeira ordem de desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo, sexual e socializador por excelência. É básico para o desenvolvimento da personalidade da criança em todas as suas facetas. É possível que tenha fim em si mesmo, bem como seja meio para a aquisição de aprendizagem, pode acontecer de forma espontânea e voluntaria ou organizada, sempre respeitando o principio da motivação (p. 135).

É neste sentido que se deve priorizar na formação do professor de do ensino infantil e também do professor de educação física, a relevância e conhecimento do desenvolvimento da criança, suas necessidades básicas de evolução, tanto psicológica como corporal.

Portanto entende-se que as atividades lúdicas quando bem ministradas por um educador, consciente dos objetivos a serem alcançados, com o propósito do crescimento dos aspectos da aprendizagem da criança estará focando o principal motivo que envolve a natureza comportamental de cada aluno, através do lúdico ou atividades pedagógicas que possibilitem a motivação para a integração e socialização escolar. É o que diz Matos apud Dayrell (2006)

Quando afirmamos a existência de uma diversidade cultural entre os alunos, implica afirmar que, numa mesma sala podendo ter uma diversidade de forma de articulação cognitiva. Dessa forma, para a aprendizagem se efetivar, é necessário levar em conta o aluno em sua totalidade, retomando a questão do aluno como sujeito sócio-cultural quando sua cultura, seus sentimentos, seu corpo, são mediadores no processo de ensino e aprendizagem (p. 11).

Verifica-se, a partir deste argumento, a importância da formação continuada do educador infantil e a preocupação do ensino superior em preparar melhor o acadêmico de educação física com enfoque para o entendimento do desenvolvimento global do educando, de tal forma que se possa aplicar mais adequadamente às atividades lúdicas, de acordo com o perfil de cada criança, considerando principalmente a realidade e contexto em que ela se insere.

E neste particular, levanta-se uma questão relevante: a formação pessoal e a formação profissional do docente não se distinguem, pois considera-se que o processo de formação do professor é baseada na intensa experiência de vida, contínua e amplamente complexa, integral. A dimensão lúdica está associada a sua auto-formação, sobretudo ligada ao estudo técnico, numa reflexão individual e ao mesmo tempo coletiva a partir de troca de experiências mútuas entre os agentes integrantes da educação: alunos e professores.

Evidentemente que esta questão seria o ideal para o melhoramento do ponto de vista do professor do ensino infantil ou do professor de educação física, porém na realidade não é o que acontece, porque suas convicções estão mais centradas quase sempre em torno dos aspectos mais metodológicos, tecnicistas por assim dizer, não observando o aspecto humano/pessoal cognitivo da criança, suas características marcantes da sua personalidade, do seu corpo e de seus sentimentos. Diante desta afirmativa, a prioridade do professor a ser pensada deveria ser orientada pela leitura de mundo na sua integra e que pautasse a sua prática pedagógica de acordo com as necessidades apresentadas na escola. Campos (1986) diz:

A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula.

O ensinamento, portanto, deveria ser uma tônica pautada no resgate permanente da ludicidade em todos os momentos diários do professor. Mas nas universidades pouco se estuda sobre este assunto, a formação tanto do professor das séries iniciais e da Educação Física pouco enfatiza a ludicidade como caminho do crescimento humano, o que resulta em má formação dos educadores e a conseqüência provável do mau desempenho do aluno na sala de aula. Rocha (2000): “ao professor cabe organizar o brincar e, para isto, é necessário que ele conheça suas particularidades seus elementos estruturais, as premissas necessárias para seu surgimento e desenvolvimento”.

1.1- Implicações da formação do professor para o lúdico.
Para que a prática lúdica se efetive na sala de aula é preciso entender que o professor deve está apto a ensinar de acordo com as exigências e prerrogativas que se colocam para uma formação a partir do lúdico. Sobre essa problemática Santos (2010) declara:
No contexto da formação dos profissionais de educação infantil, deveriam estar presentes disciplinas de caráter lúdico, pois a pratica docente é reflexo da formação do individuo. Por isso quanto mais vivencias lúdicas forem proporcionadas nos currículos acadêmicos, mais preparado o educador estará para trabalhar com a criança (p.21)

A defesa da ludicidade como disciplina integrante no curso de formação de professores de educação física surge a partir da necessidade que se verifica em prepará-los para tal. Mas como fazer isso? Sobre esta questão assentam-se as problemáticas da efetivação da ludicidade na sala de aula. Dhome (2009) aponta uma solução para o professor que já se depara com essa realidade:

O educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando oportunidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializá-las e harmonizá-las ao seu projeto de vida. E isto irá influenciar muito no que e como o aluno irá aprender (p. 114)

A proposta de Dhome parece interessante, mas é apenas um paliativo para os professores que já se encontram pressionados com o advento das praticas lúdicas na sala de aula e a questão primeira ainda fica sem uma resposta plausível. A única solução cabível ao problema parece ser a proposta por Santos (2010), a saber:
para contribuir nesta abordagem, apresentamos um jogo para adultos, referentes às atividades lúdicas, que permitirá ao futuro educador “aprender jogando” para “ensinar brincando”. Este jogo possibilita que cada participante possa analisar discutir, refletir, polemizar e se posicionar em cada afirmativa referente ao lúdico. É uma forma prazerosa de aprender (p. 21)

A proposta de Santos é coerente porque busca mostrar para o professor o entendimento e o funcionamento da pratica lúdica, instrumento do qual ele mesmo se utilizará quando for professor. Este é o verdadeiro sentido de “aprender jogando” para “ensinar brincando”. O entendimento que o formando em educação física precisa ter sobre seus futuros alunos para estar preparado para ensinar através da ludicidade é a mesmo entendimento que propõe Mattos apud Freire (2006):

corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. ambos devem ter assento na escola, não um (a mente) para aprender o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para se emancipar. Por causa dessa concepção de que a escola só deve mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um estorvo que, quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará (p. 84,85)

É necessário que o professor tenha clareza do que pretende ensinar, como pretende ensinar, para que pretende ensinar e porque estar ensinando uma ou outra atividade. O professor de educação física, formado e habilitado para lecionar da perspectiva da ludicidade precisa se apossar dos instrumentos indispensáveis como recursos pedagógicos que é o jogo, o brinquedo e a brincadeira, mas para tanto este professor precisa ter em mente um plano, um projeto traçado a partir de determinados parâmetros que devem se assentar nestes questionamentos.

O professor credenciado saberá alternar as diversas atividades que requisitem maior número de habilidades possíveis em seus alunos, fazendo com que eles encontrem as suas devidas vocações. O numero variado de atividades lúdicas fará com que cada criança se conheça melhor e possa se sentir impelido a melhorar sempre. Dewey apud Dohme (2009, p. 124) corrobora com essa opinião: “Eu acredito que verdadeira educação vem somente através da estimulação das potencialidades da criança pelas demandas das situações sociais que elas mesmas se encontram”
1.2 O papel da ludicidade na afetividade infantil.

Todas as vezes que um adulto busca uma imagem feliz de seu passado, ele o faz se reportando diretamente aos tempos da infância em que brincava no quintal com seus vizinhos ou quando na escola mesmo era convidado a participar dos jogos e brincadeiras propostos pelos professores. Se um adulto faz isso é porque o afeto que lhe foi dispensado ainda na infância o acompanhará por toda a sua vida como marca indelével de uma infância feliz.

É inegável que a ludicidade possui um papel preponderante no que diz respeito à construção afetiva da criança, sobre isso Wallon apud. Maluf (2009, p.14) discorre que: o autor também considera o ser humano como um todo: afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram no mesmo plano. Acredita que a afetividade tem uma função principal no desenvolvimento do ser humano, é através dela que a criança mostra seus desejos e suas vontades.

A afetividade exerce papel de suma importância para a formação de um ser humano saudável, todavia a pergunta que deve ser feita é como o professor de educação física pode estimular o sentimento afetivo em seus alunos para que estes se desenvolvam em todas as suas potencialidades? De acordo com Kishimoto (2010) o jogo e o brinquedo podem ser instrumentos a serviço desse objetivo:

o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la. (p. 40).

É importante entender como funcionam os processos de aquisição de conhecimento na criança, como se dá as interações entre o ambiente externo e os agentes cognitivos. Kishimoto apud. Lavorski (2011, p. 2) aponta para o fato de que as crianças aprendem pela intuição e de maneira espontânea e assim sendo conseguem desenvolver tanto a sua afetividade, quanto o corpo e interações sociais.
Desenvolvendo a sua afetividade o individuo pode estar apto a lidar com os seus medos, suas paixões, seus desafetos, suas emoções, seus sofrimentos, suas perdas e seus ganhos, suas alegrias e tristezas e até mesmo com os seus interesses.

A partir do momento que a criança entender a si mesma ela poderá também entender ao outro e assim criar um ambiente de solidariedade com o mundo a sua volta. Almeida apud Lavorski (2011) declara que o jogo propicia o surgimento da afetividade:
Este jogo permite também o surgimento da afetividade cujo território é dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam os medos, sofrimentos, interesses e alegrias. Uma relação educativa que pressupõe o conhecimento de sentimentos próprios e alheios que requerem do educador uma atenção mais profunda e um interesse em querer conhecer mais e conviver com o aluno, o envolvimento afetivo, como também o cognitivo de todo o processo de criatividade que envolve o sujeito-ser-criança (p. 2)

O desenvolvimento pessoal objetivado nas práticas lúdicas são instrumentos que associados aos fatores socioculturais (a experiência de mundo da criança) podem contribuir para o pleno desenvolvimento das suas potencialidades físicas, mentais e emocionais.

O conhecimento da afetividade através da ludicidade provoca a facilitação das interações sociais, da comunicação e da aquisição do conhecimento, pois a afetividade implica em paixão e a paixão implica em desejo e esse desejo direcionado para a vontade de aprender potencializa a criança a adquirir novos conhecimentos. Aguiar apud Lavorski (2011) falando a respeito das brincadeiras e dos jogos, ele declara:
brincando e jogando, a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional e social, tais afetividade, o habito de pensar concentrada e outras habilidades perceptuais e/ou psicomotoras, pois brincando, a criança torna-se operativa. (p. 2).

Com a aplicação das práticas lúdicas na sala de aula e fora dela e, consequente surgimento do afeto pela interação social e busca do conhecimento será possível entender de uma vez por todas que a educação física, enquanto disciplina não serve tão-somente como pratica recreativa e trabalho corporal.

A educação física é uma disciplina que se legitima através do ensinar por meio da brincadeira, do brinquedo, do jogo e principalmente da afetividade, gerando na criança a experiência e a vivência no hoje e para o amanhã, ao contrário da educação convencional que só consegue enxergar a criança como um ser que deve ser preparado para o futuro, como se o hoje, simplesmente não existisse.

A educação no mundo todo tem se convertido a uma mera sala de aula onde são repassados aos alunos conteúdos programáticos que se tornam por vezes extenuantes e não raro causam um sentimento de repulsa nos estudantes por conta do excesso de trabalhos a serem apresentados e de assuntos a serem absorvidos.

No meio disso tudo se perdeu a força vital do estudo que é a motivação e isto explica de alguma forma o numero crescente de alunos que se evadem das escolas, porque em sua grande maioria não conseguem dar conta de uma carga tão pesada de assuntos e trabalhos.

Os professores por sua vez, parecem mais preocupados em concluir o conteúdo programático do bimestre do que verificar se a sua aula esta de fato interessante e atraente para seus alunos. Eles estão mais preocupados em fechar a caderneta bimestral do que conferir se as aulas estão sendo realmente proveitosas no sentido de que os alunos estejam interagindo com o conteúdo proposto e se há diversão, ludicidade e afetividade no desempenho de suas funções.

1.3 - O jogo Lúdico e sua contribuição

Para pensar a prática de jogo como recurso do processo de ensino-aprendizagem é necessário desmistificar alguns conceitos que se ossificaram no imaginário coletivo. O minidicionário Aurélio o define o jogo como uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que determina a perda ou ganho – brinquedo, passatempo, divertimento. Passatempo ou loteria sujeita as regras e no qual, às vezes se arrisca dinheiro. Regras que devem ser observadas quando se joga.

Para descobrir quais as contribuições que a ludicidade pode trazer para a melhoria do ensino infantil se faz imperativo compreender inicialmente o conceito de jogo quando aplicado a educação. Para Kishimoto apud Rau (2007, p.41) o jogo pode ser definido como: uma ação voluntaria da criança; um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa um resultado final. (sic) o que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe.

O jogo enquanto prática pedagógica tem em seu favor o fato de que não é algo que possa ser imposto às crianças, se trata na verdade de uma atitude que nasce com a própria criança, que parte dela e é direcionada a ela tão somente e o único resultado dessa ação é a satisfação de poder superar as etapas cognitivas tendo como força motivacional o exercício da diversão.

Além de ser criado pela própria vontade da criança, o que encerra com qualquer forma de imposição por parte dos professores e dá a liberdade necessária para a criança descobrir-se enquanto ser criativo, o jogo tem como característica exclusiva e marcante a existência de regras, algo que não se verifica no brinquedo e nem na brincadeira quando aplicado ao ensino.

Um detalhe importante das regras nos jogos lúdicos é que ela a exemplo do próprio jogo não é criada pelos adultos, isto que dizer que a criança, quando de seu processo criador não esta vulnerável a sofrer interferências externas no que diz respeito a sua autonomia de criar. Rau (2007, p 41) diz que o jogo só pode ser jogo quando escolhido livre e espontaneamente pela criança; caso contrario, é trabalho ou ensino.

Dentro da liberdade criativa do jogo a criança tem o poder de delimitar espaços e períodos temporais e assim manter certa ordem dentro de sua criação. Para Kishimoto apud Rau (2007 p 41). O jogo possui como uma característica marcante a existência de regras, tem suas realizações em um tempo e espaço definidos, possui uma localização histórica e geográfica e uma sequência na própria atividade.

O jogo é um instrumento de suma importância que incentiva a criança a vencer etapas cognitivas e assim evoluir em sua capacidade de autonomia na aprendizagem e existe ainda a alegria e a diversão, as crianças estão mais preparadas a buscar novas combinações de ideias e de comportamentos em situações de jogo do que em outras atividades.

Além de operar na criança o crescimento sócio cognitivo o jogo é por excelência um instrumento para a satisfação de várias necessidades infantis, entre elas a necessidade de agir. De acordo com Taffarel et al (1992, pag. 66) o jogo satisfaz necessidades das crianças, especialmente a necessidade de “ação”.

A criança é rica em imaginação e esta sempre a remete a situações de movimento corporal ou que lhe exigem raciocínio logico. No que toca a importância dos jogos lúdicos para o processo de ensino aprendizagem Taffarel et al (1992) diz o seguinte:
Não sendo o jogo aspecto dominante da infância, ele deve ser entendido como “fator de desenvolvimento” por estimular a criança no exercício do pensamento, que pode desvincular-se das situações reais e leva-la a agir independentemente do que ela vê (p. 66).

Ao operar a prática do jogo a criança interage com o sentido de tudo o que faz, ou seja, de sua pratica autônoma de estabelecer regras, delimitar espaço e tempo e de vencer etapas através dos problemas que elas mesmas se propõem. Taffarel et al (1992,) considera que :
quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência. (p. 66).

A criança pode através dos jogos lúdicos desenvolverem a capacidade de autonomia e de decisão diante de problemas que lhes são apresentados na forma de fases nos jogos lúdicos. Uma característica elementar neste tipo de atividade é o fato de ele proporciona uma evolução na consciência infantil.

1.4 O brinquedo e a Brincadeira

Por muito tempo tem se pensado no brinquedo apenas como objeto de divertimento para a criança ou como denuncia Kishimoto apud. Maluf (2009, pág. 43) “o brinquedo é entendido como objeto, suporte da brincadeira. Todavia, vários pensadores da educação têm visto no brinquedo um elemento repleto de significados”. A esse respeito Maluf (2009) declara:
é verdade que o brinquedo é apenas um suporte para a brincadeira, e é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade também que, sem brinquedo, é muito mais difícil realizar uma brincadeira, pois é ele que faz com as crianças simulem situações. (pag.45).

O brinquedo é para muito além de um suporte de realização da brincadeira uma chave que dá abertura para diversas possibilidades de interpretações e significados para a criança, nesse sentido o brinquedo não precisa ser um objeto necessariamente criado para o entretenimento, mas pode ser um objeto qualquer que posto à disposição da criança fará com que ela use como lhe aprouver. Freire (2009) chama atenção para este fato:

para quem fantasia como nossos pequenos alunos, um copo de plástico, que normalmente jogamos fora, pode ser revivido e transformado em algum objeto importante no contexto do brinquedo. Caixas de papelão transformam-se em casas, pedaços de madeira viram mesas, cadeiras, armários, tampinhas de garrafa convertem-se em galinhas, pintinhos, chapéus. Não há o que não ganhe vida, nome e significado na atividade incessante de brinquedo e trabalho das crianças na primeira infância. (p.33).

O brinquedo é, portanto um mote para que a criança possa exercitar a sua imaginação a partir de um determinado ponto que é, a saber, um objeto qualquer que suscite o imaginário infantil dando a criança diversas possibilidades de invenção de brincadeiras. O brinquedo não é um fim em si mesmo, na verdade ele é um meio pelo qual a criança interage e recriar ou reinterpreta o mundo a sua volta.

A escola tem a seu favor o fato de que o brinquedo não precisa ser necessariamente algo tão aprimorado para chamar a atenção da criança, na verdade se trata tão somente de um objeto que posto ao alcance dela pode se potencializar em elemento da pratica lúdica. Sobre essa realidade Freire (2009) se posiciona da seguinte forma:

o brinquedo não precisa ser tecnologicamente sofisticado para ser bem utilizado pela criança. O fato é que um brinquedo ainda não se constitui com tal enquanto não cair nas mãos (ou nos olhos) da criança. Ele será brinquedo quando estiver sendo brincado, ai, não é necessário que seja comprado numa loja especializada. Pode mesmo ser qualquer dos objetos descartáveis que já não servem para os adultos, que chegaram ao fim de sua historia e não servem mais. É ai que a criança começa uma outra historia, na qual ela própria se insere (p. 34)

A criança faz uso de qualquer objeto que prenda a sua atenção em favor da sua diversão, portanto é um erro gravíssimo achar que ela só pode estar alegre se estiver com um brinquedo que fora comprado em loja especializada e com um alto padrão de acabamento, muitos professores tem pecado em não ajudar os seus alunos no pleno exercício de sua criatividade para a realização de esquemas lúdicos, quando estes tentam lançar mão de diversos objetos para utilizá-los em suas brincadeiras.

No ato de brincar a criança projeta em seu brinquedo todos os seus anseios, desejos e fantasia, não é por acaso que elas constroem casas de papelão e brincam de serem carpinteiros ou médicos ou donas de casa. É que existe nelas um desejo latente de vivenciar o mundo dos adultos e elas o fazem por meio da pratica lúdica sem qualquer compromisso verdadeiramente serio. Sobre essa questão Gonçalves (2006) responde:

o brinquedo cria na criança uma nova forma de desejo. Ensina a desejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo, e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (pág., 144).

A criança transporta para o brinquedo toda representação do seu entendimento do mundo que a circunda, quer dizer, a criança reinterpreta o mundo a sua volta de maneira que ao fazer isso ela cresce em níveis consideráveis no que tange o seu desenvolvimento intelectual. “Brougère (2008 pág. 62)” sugere que a brincadeira não pode estar limitada ao agir. O que a criança faz tem sentido, é a logica do fazer de conta e de tudo o que Piaget chama de brincadeira simbólica (ou semiótica).
Se a proposição de Brougère for repensada no sentido da valoração do brinquedo e da brincadeira não apenas como instrumentos que se limitam a mera ação, então será possível perceber que, além disso, existe o fato de que o eles são a representação cabal que a criança faz do mundo dos adultos.

A brincadeira tem como uma de suas características o fato de que ela pode ser herança familiar, resultado das experiências ancestrais das diversas criações infantis. A brincadeira é um exercício comum na infância, ela envolve ações espontâneas e que provocam o prazer de que as crianças tanto necessitam. Algo semelhante diz Maluf apud. Mauricio (2011, pág. 3) A brincadeira transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração a outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.

Mesmo não tendo aprendido as brincadeiras tradicionais com seus familiares as crianças são capazes de construir por via de seu próprio imaginário as brincadeiras que lhes convém, aquelas que de alguma forma se adequam a sua realidade sociocultural.
Ao fazer uma relação entre brinquedo e brincadeira com o jogo kishimoto apud. Mauricio (2011, pág. 

3) afirma que é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras de jogo, ao mergulhar na ação lúdica, pode-se dizer que o lúdico em ação. Desta forma brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.
Brinquedo e brincadeira são dois instrumentos lúdicos intrinsecamente ligados, enquanto o jogo habita em outra esfera, não menos importante, todavia diferenciada, já que o brinquedo a brincadeira sugerem e exigem da criança novas condições para manifestar a sua criatividade.

2 - Como levar à criança a aprendizagem através da ludicidade
Para entender os caminhos pelos quais a criança deve chegar ao aprendizado se faz necessário inicialmente entender a que tipo de aprendizado se pretende chegar, qual o objetivo do ensino e que necessidade a aprendizagem busca sanar. Entre essas e outras esta questões existe ainda o fato de que a ludicidade é uma necessidade elementar da criança ou nas palavras de Almeida apud. Almeida (2005, pág. 1) o brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa.

Não é de hoje que educadores de todo mundo têm colocado a necessidade de brincar como fator essencial no processo de ensino-aprendizagem, a declaração universal dos direitos da criança- ONU (1959) alocava essa obrigação:
... A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e as atividades recreativas, que devem ser orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforça-se por favorecer o gozo desse direito.

A escola para muito além de ensinar apenas, deve saber ensinar brincando. Fazendo com que a criança se divirta ao mesmo tempo em que absorve o conhecimento, e isto não quer dizer que o professor deve deixar a criança à vontade, ou melhor, abandonada em si mesma. Sobre isso escreveu Brougère apud. Dohme (2003)

como, pois, conciliar essa necessidade de jogar que é irresistível na criança com a educação que se deve dar-lhe muito simplesmente fazendo do jogo o meio de educar a criança. O jogo é um fim em si mesmo para a criança; para nós, deve ser um meio. Dai este nome “jogos educativos”, que tende a ocupar cada vez mais espaço em nossa linguagem de pedagogia maternal. Não se trata, portanto, de deixar a criança livre de sua atividade, abandonada a si mesmo: “a criança deve jogar, mas todas as vezes que você lhe dar uma ocupação que tem a aparência de um jogo, você satisfaz essa necessidade e, ao mesmo tempo, cumpre o seu papel educativo (p. 79).

A predisposição natural da criança em querer brincar deve ser aliada a sua necessidade de aprender, mas como fazer isso de maneira que nenhum destes pontos fique prejudicado? Isso só pode ser possível se houver um esforço comum no sentido de se entender que a ludicidade é para a criança um objetivo final, que não acarreta em outras implicações. E para o professor os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são meios pelos quais devem ser aplicados os seus ensinamentos.

Trabalhar a ludicidade não significa abandonar a criança as suas próprias contingências, quer dizer a sua própria vontade de brincar sem quaisquer parâmetros, se assim o fosse a ludicidade não se configuraria em ensino, mas em mera distração ou Passa-Tempo para crianças. Os jogos educativos são a união da pratica de ensino e da satisfação das necessidades que a criança tem de se divertir. Para Santos (2008) a educação pela ludicidade constitui-se em uma nova visão de mundo:

A educação pela via da ludicidade propõe-se de uma nova postura existencial cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando, inspirado numa concepção de educação para além da instrução. Para que isso aconteça é preciso que os profissionais da educação reconheçam o real significado do lúdico para aplicá-lo adequadamente, estabelecendo a relação entre o brincar e o aprender (p. 24).

A prática lúdica e seu envolvimento na educação é uma ideia que advém de um novo modo de se enxergar a educação não apenas como meio de ensino, mas também como fonte satisfação das necessidades de diversão que estão alocadas na infância.

2.1- o brincar e a educação

É inegável a importância da ludicidade no processo educacional. Piaget por exemplo analisou durante toda a sua vida os processos de aquisição do conhecimento a partir do uso dos brinquedos. Os pensadores da educação tem se dedicado nestes últimos anos a conceber o ensino a partir da perspectiva da ludicidade. Isto quer dizer não o ensinar pelo ensinar somente, mas o ensinar pelo vivenciar.

Num primeiro momento parece ser tarefa fácil aliar o ensino a educação. Todavia a experiência nos países europeus mostrara o contrario. Moyeles (2006, pag. 47) “aponta para a falta de espontaneidade nas brincadeiras teatrais na Alemanha, pois as crianças apenas seguiam um roteiro preexistente e não criavam absolutamente nada”. Com relação ao ensino lúdico na china Moyeles (2006) afirma:

O currículo da às crianças oportunidades para dançar e encenar musicas e historias, mas não parece permitir que elas realizem livremente atividades de sua própria escolha. Entretanto, nos últimos anos, houve mudanças radicais nas pré-escolas em algumas partes da china, e em Nanjing eu vi crianças brincando tão livremente e com tanto entusiasmo e concentração como observo em qualquer lugar do reino unido (p. 48)

Como é possível observar a ludicidade e seu envolvimento com a educação ganha diferentes sentidos em varias partes do globo. Todavia o entendimento que se tem do brincar associado ao ensinar é que aquela consiste em satisfazer as necessidades que a criança tem de se divertir, enquanto esta se constitui na preparação do individuo para a vida. Logo a educação e ludicidade unidas formam um instrumento que atende duas necessidades elementares na infância, a saber, o ensino e a diversão. Vigotski apud Santos (2009) reintera a importância do brincar para a educação:

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

O brincar é instrumento indispensável na busca de novas possibilidades de interpretação e de se estabelecer a construção de novas relações sociais. Quando a criança brinca, ela cria, imagina, opera construções cognitivas e principalmente se diverte.

Mas muitas pessoas pensam o contrario. Imaginam que a escola não é lugar de brincadeira. Em particular os pais são muitas vezes da opinião que seus filhos só poderão aprender se abrirem mão das brincadeiras e que estas só devem ter lugar na primeira infância, para, além disso, a vida passa a ser algo “sério” e estará comprometida se o individuo não se dispuser a abandonar as brincadeiras. A esse respeito Toledo apud Santos (2009) levanta as seguintes questões:

Ao considerar as brincadeiras das crianças como algo que atrapalha a aprendizagem, a escola começa a separar os momentos que são para “aprender” dos que são para “brincar”. Porque esses momentos precisam ser separados? Porque as crianças precisam deixar de brincar para serem transformadas no adulto? Porque o adulto não pode brincar

As questões colocadas por Toledo são pertinentes no sentido de que problematizam uma tradição de ensino que se assenta na exclusão do brincar como instrumento de ensino. Cabe agora entender como recriar uma escola que atenda as necessidades que a criança tem de brincar e o professor tem de ensinar. Wajskop apud Santos (2009) vê na brincadeira um papel educativo de suma importância quando incluído nos planos da escola:

Nesta perspectiva, a brincadeira encontraria um papel educativo importante na escolaridade das crianças que vão se desenvolvendo e conhecendo o mundo nesta instituição que se constrói a partir exatamente dos intercâmbios sociais que nela vão surgindo: a partir das diferentes historias de vida das crianças, dos pais e dos professores que compõem o corpo de usuários da instituição e que nela interagem cotidianamente

A escola deve ter como objetivo aliar a disposição das crianças em brincar com a experiência que elas desde já trazem consigo e o conhecimento acadêmico de que a própria escola dispõe para efetivar o ensino lúdico dentro das salas de aula que só poderá ser concretizado se a escola se permitir entender que a recreação é uma necessidade básica do ser humano e que a criança deve ter total autonomia na construção imaginativa de suas brincadeiras.

2.2 o brincar e sua aplicabilidade na sala de aula
Muito se tem falado da necessidade de inserir as praticas lúdicas na escola, todavia interessa saber como o brincar pode ser colocado na sala de aula de maneira que este se alie ao processo de ensino aprendizagem? Mas antes de procurar respostas a estas indagações se faz importante relacionar as prerrogativas da ludicidade para que esta faça parte do currículo escolar. Para tanto vale a pena citar a relação feita por Santos (2010) que justifica a importância da ludicidade:

O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator de desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudo e de pesquisa e hoje é a questão de consenso a importância do lúdico.
Dentre as contribuições mais importantes deste estudo podemos destacar:
• As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resistência”, pois permitem a formação do auto conceito positivo;
• As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente;
• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a interação da criança na sociedade;
• Brincar é uma necessidade básica assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;
• Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói o seu próprio conhecimento;
• O jogo é essencial para a saúde física e mental;
• O jogo simbólico permite a criança vivencias do mundo adulto e isto possibilita a mediação entre o real e o imaginário. (p. 20).

Na avaliação de Santos as atividades lúdicas operam na criança o crescimento da auto-estima, autoconfiança e autonomia, características que não conquistariam de outra forma. As brincadeiras dão aos infantis oportunidades para exercitarem a sua liderança, pois elas detêm total controle imaginativo sobre suas ações.

As atividades lúdicas operam em três dimensões do desenvolvimento humano, que são, a saber: a dimensão afetiva, a dimensão social e a dimensão cognitiva. Nesse sentido, a escola deve aprender a olhar por essas três perspectivas, já que ela desenvolve as habilidades emocionais, físicas e mentais do individuo.

O brinquedo e o jogo constituem-se em produtos culturais, isto quer dizer que eles têm como características o fato de proporcionar às crianças a interação com a sociedade que a circunda. A ludicidade deve ser entendida como necessidade básica do individuo, tão básica quanto é a alimentação, a nutrição e a habitação.

Através da ludicidade a criança consegue formar conceitos, estabelecer relações, organizar e reorganizar idéias, desenvolver o raciocínio lógico, aprender a expressar-se oral e corporalmente, reforça as habilidades físicas, diminui o grau de agressividade e aprende os conhecimentos que lhe são expostos.

A ludicidade permite a criança simular, ao seu modo, as vivências do mundo adulto e assim criar os seus conceitos e interpretações daquilo que seja a vida de adulto. Desta forma, a criança interage com o mundo real a sua volta e ao mesmo tempo em que exercita a sua imaginação. Neste sentido, o brincar pode ser considerado como instrumento inseparável do processo de ensino-aprendizagem e as suas aplicações não devem estar desalienada do ato de estudar.

De acordo com a pesquisa realizada na escola, foram entrevistados 30 professores, sendo que 100% dos entrevistados responderam “’SIM”, isso demonstra que as atividades são relacionadas com outras disciplinas trabalhadas em sala de aula, que são pontos positivos para a qualidade da educação.
Tendo em vista que os 30 dos entrevistados responderam “Sim” foi possível observa que 100% dos professores concordam que as atividades lúdicas podem ajudar a socialização e interação dos alunos, sendo esse um fator positivo para o desenvolvimento de nossos educandos.
O gráfico 3 refere-se a freqüência que se trabalha as atividades lúdicas.

Em grau de importância, 50% dos educadores, responderam que trabalham Diariamente com atividade lúdicas, 30% disseram Semanalmente, 10% Mensalmente e 10% Outros, e a partir destas informações podemos observa que a maioria dos professores trabalham com freqüência com seu educandos o lúdico.

A partir das respostas obtidas, foi possível observa que 40% dos educadores responderam que o Afetivo é o objetivo principal no seu planejamento. 30% citaram o Social, 20% disseram Cognitivo e nenhum dos entrevistados opinaram pela alternativa Motor, sendo assim podemos definir que quase a metade dos professores categorizam o Afetivo como prioridade.
O Gráfico 5 demonstra que através de brincadeira e jogos a criança desenvolve melhor seu raciocínio em sala de aula.

Escola Municipal de Ensino Infantil Meu Pé de laranja Lima

Em relação às brincadeiras e aos jogos 100% dos entrevistados responderam “Sim” desta forma podemos concluir que as brincadeiras e os jogos são objetos de suma importância para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos da educação infantil.

CONSIDERAÇOES FINAIS

A abordagem realizada neste trabalho de conclusão de curso procurou estabelecer pontos de contato entre as discurssões teóricas em torno do papel do professor de educação física na atual conjuntura. E a ludicidade enquanto novo paradigma de educação.
Este enfoque só pôde ser efetivado a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica aliada a um trabalho de campo que se operou na escola Meu Pé de Laranja Lima. A partir dos parâmetros estabelecidos foi possível ponderar em torno do tema proposto por este artigo.

A ludicidade enquanto instrumento de ensino na sala de aula é uma experiência nova. Ela tem sido reclamada por vários teóricos da educação e tem ganhado grande expressão e aceitação durante as ultimas décadas pelos profissionais do ensino. A instituição do ensino lúdico na escola pretende incorporar a satisfação das necessidades elementares que a criança tem de brincar e ao mesmo tempo fazer com que ela possa aprender. Neste sentido a educação pela ludicidade resume-se a aprender brincando nas palavras se Santos (2008, pág. 24).

O papel do professor de educação física é sobremaneira fundamental nessa circunstância, já que será o condutor da concretização da pratica lúdica na sala de aula. As aulas de educação física deverão dar o suporte necessário para a construção do conhecimento dando á criança a oportunidade de descobrir-se enquanto sujeito autônomo e construtor de suas ações tanto no plano físico, afetivo e social.
O professor de educação física tem a sua frente o desafio de somar os conhecimentos técnicos que aprendera na academia e as novas possibilidades ensejadas pelos estudos da ludicidade, além de considerar os conhecimentos prévios da criança que não podem ser descartados, pelo contrario devem servir como ferramentas a favor do ensino.

Muitos pensadores cogitam a possibilidade de que haja no curso de educação física disciplinas direcionadas a ludicidade na sala de aula. Santos (2008, pág. 21), por exemplo, advoga a necessidade estabelecer-se no contexto da formação de profissionais da educação as disciplinas de caráter lúdico.
A necessidade de formação lúdica para os professores decorre da necessidade de preparação por parte desses profissionais para confrontar-se com a demanda de alunos ávidos por uma educação que se desenvolva a partir da diversão, do jogo e da utilização do brinquedo e das brincadeiras.

Para os professores que já se deparam com a realidade da sala de aula a situação parece ser um pouco mais delicada, já que para estes só um processo de formação contínua poderia lhes fornecer os fundamentos necessários para compreender e realizar as práticas lúdicas em suas turmas. Dhome (2009, pág. 114) aponta para uma solução quando diz que o educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando possibilidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializa-las e harmoniza-las.

No meio de tantas duvidas e questões sobre o papel da ludicidade e do professor na educação infantil existe a certeza de que a educação física é uma disciplina que se torna fidedigna por ser a que por essência ensina por meio da brincadeira, do brinquedo e do jogo, componentes intrínsecos da construção de um ensino lúdico na escola.

Entre os principais componentes da ludicidade encontra-se o jogo que como instrumento de prática pedagógica não pode ser imposto ás crianças, porque deve ser um desejo que surgirá na própria criança e que dirá respeito somente a ela. O resultado que o jogo deve suscitar na criança é o de que ela possa ser impelida a superar novas etapas que lhes são propostas.

Já o brinquedo é entendido muitas vezes como suporte para a brincadeira apenas, mas muitos teóricos tem visto nele a possibilidade de diversas interpretações e significados para a criança. De acordo com Freire (2009, pág. 45) o brinquedo não precisa ser um objeto feito para este fim, mas pode ser qualquer objeto que colocado ao alcance da criança pode representar aquilo que a criança desejar.

O papel da escola na perspectiva do ensino lúdico deve ser para muito além de apenas impor conteúdos programáticos o de ensinar brincando, permitindo que a criança se divirta se alegre e se sinta confortável ao mesmo tempo absorve os saberes necessários para sua formação.

A importância das praticas lúdicas no ensino infantil já uma realidade no cenário da educação mundial. Muitos estudiosos se debruçaram a entender a influencia que os jogos, brinquedos e brincadeiras exercem sobre o indivíduo quando de sua infância.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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CERVO E BERVIAN apud. MATOS, Mauro Gomes, Metodologia da pesquisa em educação física: construindo a sua monografia, artigos e projetos. Ed. Phorte, 2008. São Paulo.

Lakatos, E. M; Marconi, M. A. Metodologia cientifica. São Paulo, Atlas, 2007.

GONÇALVES, Nezilda L. G. Metodologia do ensino da educação física, Curitiba, Ibpex, 2006.

SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho cientifico. Ed. Cortez, 23 edição, 2008. São Paulo.

FREIRE, João. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. Scipione, 2009. São Paulo.

MATOS, Mauro G. Metodologia da pesquisa em Educação Física: construindo sua monografia artigos e projetos. Phorte, 2008, São Paulo.

MATOS apud DAYRELL, Mauro G. Professoras primárias X atividades lúdicas: esse jogo vai para a prorrogação. Autores associados. 2006 Campinas- SP.

CAMPOS apud. GRILO, Ana Paula (et al). O lúdico na formação do Professor.Disponível em: . Acesso em: 27 de maio. 2011.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 8. Ed.- Petrópolis, RJ: VOZES, 2010.

DOHME, Vania. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado| 5.ed.- Petrópolis, RJ: VOZES, 2009.

JOSÉ PAULO PAES E A LITERATURA QUE ENCANTA ADULTO E CRIANÇA

Resumo

O objetivo deste trabalho é fornecer dados sobre a produção poética de José Paulo Paes, partindo de uma análise que acompanha a sua biografia e não de uma perspectiva da escola literária ao qual ele está inserido, o que seria mais usual. A proposta é fazer um levantamento da sua poesia desde os seus primórdios até o momento em que o poeta alcança a consagração enquanto escritor da literatura nacional. O encantamento de José Paulo Paes com a poesia pré-modernista de Augusto dos Anjos, o contato com a produção literária de Machado de Assis, bem como com o trabalho de Edgar Allan Poe são fatores relevantes para a construção poética do autor em questão, assim como são relevantes também a sua amizade com os modernistas Mário de Andrade, Drummond de Andrade e outros. É dentro desse quadro que se estabelece a produção poética de José Paulo Paes e é dentro desse enfoque que este trabalho o busca analisar.

Palavras-chave: literatura. Poesia. Ludicidade. Produção.


Résumé
L'objectif de ce document est de fournir des données sur la poésie de Paulo José Paes, à partir d'une analyse biographique et non dans la perspective de l'école littéraire à laquelle elle est insérée, ce qui serait plus habituelle. La proposition est de faire une enquête sur sa poésie de ses débuts à l'instant où le poète atteint la consécration en tant qu'écrivain dans notre littérature. L'enchantement de Paes Paulo José avec la poésie pré-moderniste d'Augusto dos Anjos, le contact avec l'œuvre littéraire de Machado de Assis, et le travail d'Edgar Allan Poe sont des facteurs pertinents à la construction poétique de l'auteur en question, ainsi que est également pertinent pour son amitié avec moderniste de Mário de Andrade, Drummond de Andrade et d'autres. C'est dans ce cadre qui définit la poésie de Paulo José Paes et c'est dans cette perspective que le présent document vise à analyser

Mots-clés: Littérature. Poésie. Enjouement. production


INTRODUÇÃO
Apesar de sua literatura ser ainda desconhecida do grande público, algo que se justifica pela aversão de uma parte da critica literária por poesias infantis, José Paulo Paes começa a ganhar espaço entre os grandes poetas brasileiros. Este trabalho tenciona fazer um apanhado da produção poética deste autor a partir de suas vivências, suas influências, sua biografia.

    A decisão de se falar da produção poética de José Paulo Paes de acordo com as suas experiências biográficas tem a ver principalmente com o fato de que este poeta era avesso a qualquer forma de convenção, ele entendia que apesar de pertencer cronologicamente à geração modernista de 45 tinha mais características em comum com os primeiros modernistas, a geração de 20, como Mário de Andrade, Drummond de Andrade, Oswald de Andrade e outros escritores de sua época.

    Além das influências literárias José Paulo Paes foi fortemente marcado pelos intelectuais com quem conviveu e pelos lugares que freqüentou como o circulo do café belas-artes, um lugar que reunia escritores, jornalistas e toda sorte de pessoas interessadas nas artes.

    Desde a sua tenra idade até os seus últimos dias de vida, o escritor José Paulo Paes não cessou de receber influências e de ser ele próprio a influência para vários outros escritores que se iniciavam nos rumos da literatura, sobretudo a literatura infantil a que foi mais expressivo. Com toda versatilidade de um poeta modernista e fruto de uma geração de escritores que bebeu de todas as fontes José Paulo Paes só poderia ter uma poesia que encanta adulto e criança.

1 SOBRE JOSÉ PAULO PAES

    Nascido em Taquaritinga- São Paulo á 22 de julho de 1926, José Paulo Paes foi um dos mais importantes poetas da nossa literatura, mas além de escritor José Paulo Paes foi também um respeitável tradutor de obras literárias como os poemas do poeta inglês Levis Carroll e de clássicos da lingüística, sobretudo da semiótica, área em que tinha grande interesse. Ele era fluente nas línguas inglesa e francesa, que aprendeu quando ainda cursava o ensino ginasial, ele também traduziu obras de escritores russos, idioma que estudou e aprendeu sozinho com as suas habilidades de autodidata.

1.1 Amava a literatura e a química

    José Paulo Paes era um leitor voraz e amante incondicional da literatura que aprendeu a gostar quando ainda morava na casa de seus avôs, mas apesar de seu amor ás letras o escritor paulista tinha apenas uma formação técnica no curso de química que era também uma de suas paixões, sobre a sua escolha pelo ramo da química, José Paulo Paes esclarece:

Um curso universitário exigira mais oito anos de estudo. Era de mais para quem queria se livrar o quanto antes da dependência financeira para com o pai e cuidar da própria vida. Ainda que atraído pela literatura, nem de longe me passou pela cabeça cursar letras, de onde eu sairia professor de português [...] não gostava de escola. Achei então que um curso de técnico de química seria uma boa opção. (PAES, 1996, P.29)

    Outra razão que contribuiu para que José Paulo Paes optasse pelo curso de química foi o fato dele ter sido fortemente afetado pelos quadrinhos que traziam as aventuras de Flash Gordon e posteriormente pelo seriado de televisão do mesmo super-herói.

Penso que as histórias de Flash Gordon deve ser creditado o meu precoce interesse pelas ciências, em particular pela química. Num quartinho de madeira feito especialmente por meu pai nos fundos do quintal, montei meu laboratório. Para equipá-lo além de vidro de remédios vazios [...] provetas, copos graduados, tubos de ensaio e varetas de vidro, daquelas que se podem modelar no fogo. (PAES, 1996, P. 17)

    José Paulo Paes trabalhou por vários anos na indústria química até se decidir pela literatura, atitude que teve total apoio de sua esposa Dora para quem ele dedicaria todas as suas poesias. Dora além de esposa era a principal incentivadora da produção de José Paulo Paes.

.2 Sobre o ginásio

    Quando José Paulo Paes sai de Taquaritinga e vai morar em Araçatuba, onde cursa o ensino ginasial, ele entra em contato com uma produção literária que até então lhe era desconhecida, entre as obras com as quais toma contato nesse período destacam-se ‘o Corvo’ de Edgar Allan Poe, ‘Dom Casmurro’ e ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ de Machado de Assis e ‘Eu e outras poesias’ de Augusto dos Anjos. Sobre a influência de Augusto dos Anjos em sua produção poética José Paulo Paes afirma:

“‘Eu’ me pus a imitar desavergonhosamente os poemas cemiteriais do Eu e outras poesias. Embora, no vigor da puberdade, eu estourasse de saúde por todos os poros, nos versos que então escrevi só falava de doença e envelhecimento.” (PAES, 1996, p.28)

    Sobre o poema o ‘corvo’ de Edgar Allan Poe, Paes (1996, p. 27) escreveu “apressei-me a ler o poema. E me encantei com a figura fatídica do corvo a repetir o seu ‘nunca mais! ’, cada vez com um novo significado, para marcar o desconsolo pela perda da mulher amada, a desolação da viuvez e a irreparabilidade da morte”. Foi por essa época que José Paulo Paes produziu um poema intitulado ‘A Edgar Allan Poe’ em que presta uma homenagem ao poeta estadunidense referendando o famoso poema ‘O Corvo’.

Fecha-se um homem no quarto
E esquece a janela aberta.
Pela janela entra um corvo.
O homem se desconcerta.

Desconcertado, invectiva-o
De anjo, demônio, adivinho.
Pede-lhe mágicas, mapas,
Soluções, chaves, caminhos.
Mas, ave de curto vôo,
O corvo sorri de pena.
Murmura vagas palavras.
Não absolve, não condena.

Cala-se o homem, frustrado,
(o egocentrismo desgosta)
E, a contragosto, percebe
Que o eco não é resposta. (PAES, 1998, p.105)

Anos mais tarde José Paulo Paes publica o poema intitulado “a casa”, em que revela o tom sombrio e fantasmagórico oriundos da forte influência de Edgar Allan Poe em sua poesia. Conta o poeta que este poema fora criado a partir de um sonho e que neste sonho ela era um menino voador que era levado por um pássaro até a antiga casa de seu avô em Taquaritinga.

Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.
Na livraria, há um avô que faz cartões de boas festas com corações de purpurina.
Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.
Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.
No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.
Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.
Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.
Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.
No quintal, um preto velho que morreu na guerra do Paraguai rachando lenha.
E no telhado um menino medroso que espia a todos eles; só que está vivo: trouxe-o até ali o          pássaro dos sonhos.
Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vedam-na depressa.
Antes que ele acorde e se descubra também morto. (PAES, 1998, p.182)

Nesse período ele também se encanta com os romances machadianos em que percebe a predominância do tempo psicológico, característica que diferia das suas leituras de infância. A esse respeito José Paulo Paes (1996, p. 27) afirma:

[...] as reflexões, entre amargas e cínicas, entremeadas à desacidentada narrativa do D. Casmurro e das Memórias póstumas de Brás Cubas iriam mostrar-me que um romance não precisa estar recheado de situações de perigo nem ter necessariamente personagens de estatura heróica para prender a atenção do leitor.

    Tempos mais tarde, com uma leitura mais madura das obras de Machado de Assis o poeta José Paulo Paes escreveu dois ensaios chamados Gregos e baianos ambos publicados no ano de 1985.

1.3 Sobre o café belas-artes

    Quando se muda para Curitiba José Paulo Paes trava contato com um grupo de intelectuais que tinha como objetivo renovar a poesia e levar as inovações modernistas para o Paraná. Esse grupo de intelectuais formado em sua maioria por jornalistas, escritores, artistas plásticos, músicos, comunistas e pequenos corretores tinha como ponto de encontro o café belas-artes que se situava na rua quinze.

    José Paulo Paes eterniza o café belas-artes, fechado logo após a sua partida de Curitiba, em um poema chamado “balada das belas-artes” publicado no livro “Prosas seguidas de Odes mínimas” ele presta homenagem ao lugar onde se reunia com amigos para discutir literatura.

Sobre o mármore das mesas
do Café Belas-Artes
os problemas se resolviam
como em passe de mágica.

 [...]

O verso vinha fácil
o conto tinha graça
a música se compunha
o quadro se pintava.

Doía muito menos
a dor-de-cotovelo,
nem chegava a incomodar
a falta de dinheiro.

Para o sedento havia
um copo de água fresca,
média pão e manteiga
consolavam o faminto.

Não se desfazia nunca
a roda de amigos;
o tempo congelara-se
no seu melhor minuto.

  [....] (PAES, 1996, p .36)

           


1.4 A carta de Drummond

    A carta que Carlos Drummond de Andrade Enviara a José Paulo Paes se tornou um divisor de águas em sua produção literária, tanto que após muitos anos quando já era um escritor consagrado ele afirmava que a carta de Drummond o tirara das nuvens e o colocará no chão que é o lugar onde todo escritor deve estar. Entre outras coisas a carta dizia:

“V. tem um sentimento poético indubitável, maneja o verso livre com bastante segurança rítmica, nunca resvala no mal-gosto – mas v. ainda não me parece v., que terá de se encontrar. [...] Para fugir aos modelos nacionais, leia os estrangeiros; é contrapeso excelente, e imitação por imitação, a dos últimos nos faz ir mais longe e nos universaliza mais, isto é, traz consigo mesma a possibilidade de libertação.” (PAES, 1996, p.38).

    Depois da carta de Carlos Drummond de Andrade, José Paulo Paes passa a buscar em sua poesia a realização de uma escrita que tenha mais a ver com a sua perspectiva e com o seu olhar do que com algo que lembre as vozes de outros poetas, em particular os da geração de 22 é por esse período que se sobressai em sua literatura o poema piada, o poema de engajamento e na ultima fase de sua produção poética a poesia infantil.

1.5 Sobre Dora

    José Paulo Paes foi casado com a bailarina Dora, que foi o seu grande amor. Para Dora José Paulo Paes dedicou diversos poemas. Sobre a convivência com Dora José Paulo Paes (1996. P. 63) escreve: “Desde que nos casáramos, ela nunca havia deixado de trabalhar; seus ganhos se somavam aos meus para fazer frente às despesas da casa. Conosco não havia o meu e o teu; havia o nosso. E o nosso trem de vida era e continua a ser modesto”. Entre os poemas dedicados à Dora destacam-se “madrigal” em que ainda predomina a forte influência do poema piada herdado da geração de 22 e “De mãos unidas” de caráter confessional.

MADRIGAL
Meu amor é simples, Dora,
Como a água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão. (PAES, 1998, p.69)



DE MÃOS UNIDAS
Nossa vida
Construímos
A cada passo,
A cada minuto,
A cada esquina
De mãos unidas. (PAES, 1996, p.49)

1.6 Sobre Glaura

    Glaura foi à filha de José Paulo Paes que morreu ainda recém-nascida. Depois de Glaura ele não teve outros filhos, mas a rápida passagem de Glaura deixou em José Paulo Paes um profundo sentimento de saudade que se notabilizou em sua poesia. Para Glaura José Paulo Paes escreveu um poema intitulado “nana para Glaura” onde faz uma relação entre o sono de uma criança e a morte da filha.

Dorme como quem
Porque nunca nascida
Dormisse no hiato
Entre a morte e a vida.
Dorme como quem
Nem os olhos abrisse
Por saber desde sempre
Quanto o mundo é triste.
Dorme como quem
Cedo achasse abrigo
Que nos meus desabrigos
Dormirei contigo. (PAES, 1996, p.50)

1.7 Sobre as pernas

    José Paulo Paes sofria de um sério problema na perna direita, se tratava de uma gangrena que da qual se curou, mas tempos depois ela voltou atacando agora a perna esquerda que teve de ser amputada. Para a sua perna amputada José Paulo Paes escreveu um poema intitulado “ode a minha perna esquerda”.



Chegou a hora
de nos despedirmos
um do outro, minha cara
data vermibus
perna esquerda.
A las doce en punto
de la tarde
vão-nos separar
ad eternitatem.
Pudicamente envolta
num trapo de pano
vão te levar
da sala de cirurgia
para algum outro (cemitério
ou lata de lixo
que importa?) lugar
onde ficarás à espera
a seu tempo e hora
do restante de nós
[...]
Longe
do corpo
terás doravante
de caminhar sozinha
até o dia do juízo.
Não há
pressa
nem o que temer:
haveremos
de oportunamente
te alcançar

Na pior das hipóteses
se chegares
antes de nós
diante do juiz
coragem:
não tens culpa
(lembra-te)
de nada.
Os maus passos
Quem os deu na vida
Foi a arrogância
Da cabeça
A afoiteza
Das glândulas
A incurável cegueira
Do coração.
Os tropeços
Deu-os a alma
Ignorante dos buracos
Da estrada
Das armadilhas
Do mundo.
Mas não te preocupes
Que no instante final
Estaremos juntos
Prontos para a sentença
Seja ela qual for
Contra nós
Lavrada:
As perplexidades
De ainda outro lugar
Ou a inconcebível
Paz Do Nada. (PAES, 1996. P.68-69)



1.8 Sobre a produção poética de José Paulo Paes

        Ao todo José Paulo Paes soma quase trinta obras publicadas que são geralmente divididas em poemas para adultos e poemas infantis, apesar de o próprio José Paulo Paes não simpatizar muito com essa divisão. As obras para o publico adulto e que representam primeira fase do escritor são, a saber: O aluno, 1947; Cúmplices, 1951; Poemas reunidos, 1961; Anatomias, 1967; Meia palavra, 1973; Resíduo, 1980; Um por todos, 1986; A poesia está morta, mas juro que não fui eu, 1988; Prosas seguidas de odes mínimas, 1992; A meu esmo, 1995 e De ontem para hoje, 1996.

A primeira fase de sua poesia em que se verifica a forte influência da geração de 22 é marcado por uma forte uma produção engajada com certa influência do movimento concretista é desse período o poema “cristandade” em que nota-se o tom irônico e denunciativo na sua poesia.

Padre açúcar
Que estás no céu
Da monocultura,
Santificado
Seja o nosso lucro,
Venha nós o vosso reino
De lúbricas mulatas
E lídimas patacas,
Seja feita
A vossa vontade
Assim na casa grande
Como na senzala.
O ouro nosso
De cada dia
Nos dai hoje
E perdoai nossas dívidas
Assim como perdoamos
O escravo faltoso
Depois de puni-lo.
Não nos deixeis cair em tentação
De liberalismo,
Mas livrai-nos de todo
remorso, amém. (PAES, 1996, p.50)

1.9 Sobre a produção infantil de José Paulo Paes

           José Paulo Paes foi um poeta que transitou entre os mais diversos rumos da literatura, foi tradutor, ensaísta, crítico literário e acima de tudo foi um poeta que mostrou em sua poesia as mais diversas influências desde a poesia engajada de caráter contestador até a poesia infantil que tinha como intenção maior o divertimento.

Das poesias infantis José Paulo Paes escreveu É isso ali, 1984; Olha o bicho, 1989; Poemas para brincar, 1990; O menino de olho d’Água, 1991; Uma letra puxa a outra, 1992; Um número depois do outro, 1993; Lé com Cré, 1993;Um passarinho me contou, 1996.

Fato curioso na história de José Paulo Paes no que diz respeito à literatura infantil é que ele sempre sentiu grande aversão pelas poesias infantis encontradas nos manuais do ensino ginasial. Para José Paulo Paes aquelas poesias não chamavam a atenção das crianças por não possuírem graça e não representarem à realidade de uma criança. Ele faz a analise de um antigo poema encontrado nesses manuais.

“Achei um relógio”
Gritava Janjão,
Pulando contente
Com ele na mão.
“Achei um relógio
Com uma corrente.
Que belo! Que belo!
Agora sou gente!”

Quanta besteira, pensava eu comigo. Quem seria descuidado a ponto de perder um relógio de bolso com corrente e tudo? Eu, se achasse algum, ficava era de boca fechada. Não ia me pôr a gritar feito imbecil “Que belo! Que belo!”, exclamação de mariquinhas, não de menino que se prezava. (PAES, 1996. p.16)
           
            A poesia de José Paulo Paes diferencia-se das demais poesias infantis, justamente por trazer o riso, a alegria e o lúdico de uma maneira muita criativa em que se sobressai os jogos de palavras e as rimas com histórias muito bem elaboradas que prendem a atenção tanto de adultos quanto de crianças. Prova disso é o poema “cemitério” em que o poeta faz uso das rimas e do jogo de palavras.
1
Aqui jaz um leão
Chamado augusto
Deu um urro tão forte
Mas um urro tão forte
Que morreu de susto
2
Aqui jaz uma pulga
Chamada Cida,
Desgostosa da vida
Tomou inseticida
Era uma pulga suiCida.
3
Aqui jaz um morcego
Que morreu de amor
Por outro morcego.
Desse amor arrenego:
Amor cego, o de morcego!
4
Neste túmulo vazio
Jaz um bicho sem nome.
Bicho mais impróprio!
Tinha tanta fome
Que comeu-se a si próprio. (PAES, 1996. P.16)


CONSIDERAÇÕES FINAIS
           
      José Paulo Paes tem seu lugar garantido entre os grandes nomes da literatura brasileira, sobretudo porque soube usar todo o seu potencial criador para desenvolver uma poesia totalmente diferenciada.O aprimoramento de sua poesia infantil foi resultado de muito labor literário e ao contrário das poesias infantis insossas e pedagogizantes que ele encontrara em seus manuais José Paulo Paes acreditava que era (PAES, 1996. P.16) "É pelo trampolim do riso, não pela lição de moral, que se chega ao coração das crianças. Até lá procuraria eu chegar com as brincadeiras de palavras de meus poemas infantis".

        José Paulo Paes morreu, mas a sua obra permanece cada vez mais viva e conhecida em todo mundo provando que a sua poesia superou o tempo de sua criação e alcançou outras gerações, confirmando o talento de seu autor e a beleza de sua obra.

        Apesar de ter sido reconhecido como grande poeta ainda em vida, José Paulo Paes entendia que não estava à altura de Manuel Bandeira, por exemplo, e se auto denominava um poeta como outro qualquer. Para PAES (1996, p.78) “De minha parte, ufano do título de um poeta como outro qualquer, [...] pretendo me consagrar à poesia até o penúltimo poema. Porque não chegarei, a saber, que era o último.”.




REFERÊNCIAS

PAES, José Paulo. Quem, eu? Um poeta como outro qualquer. 4. ed. São Paulo: Atual, 1996.
PAES, José Paulo. Melhores poemas. Seleção de Davi Arrigucci Jr. São Paulo: Global, 1998.
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Áti
PAES, José Paulo. Lé com Cré. São Paulo: Ática, 1994. ca, 1994.
Revista Cult. Entrevista: A aventura Literária de José Paulo Paes. Número 22. maio de 1999. São Paulo: Lemos.