Se
forem verificados os resultados a que chegam à escola, no que toca a
alfabetização dos seus alunos, as conclusões seriam as mais tristes que
se poderiam prevê, pois as escolas têm lançado mão, ainda na atualidade,
de métodos a muito defasados e que não correspondem mais as
necessidades dos indivíduos que nela se formam, nem aos anseios do
mercado de trabalho.
A escola, com sua forma tradicional de ensino,
têm produzido seres humanos incapazes de dar conta das atuais demandas
que lhe são conferidas, pois nessa conjuntura o mercado de trabalho
exige do individuo que ele seja multifacetado no exercício de sua
profissão e que possa, enfim, saber administrar, gerenciar, e,
sobretudo, possa saber ler o mundo a sua volta. De acordo com Luzia de
Maria (2002, pág. 15)
É necessário interagir com a máquina, inserir
dados, reagir conforme as etapas, reagir conforme as etapas do processo,
realizar a correta leitura dos elementos apresentados, ter agilidade
mental para interferir com rapidez e no momento exato. Enfim para
corresponder a complexidade dos novos tempos, é necessário oferecer
melhor formação àqueles que vão atuar nessa sociedade.
Diante de tais
problemas, quais são os desafios dos atuais educadores para reverter
esse quadro? A professora Luzia de Maria, no capitulo de número um, do
livro Leitura e Colheita, parece vislumbrar, a partir de uma analise
construtivista, alguns resultados que podem corroborar para a melhoria
no processo de ensino-aprendizagem da escola atual.
Num primeiro
momento a autora faz uma observação bastante salutar, no que toca a
necessidade das novas exigências do mercado de trabalho, pois
atualmente, entende-se que aquele profissional do passado, que era capaz
de apenas operar um mecanismo da produção em série sem compreender todo
o sistema ao qual estava ligado, já não mais tem espaço no mercado de
trabalho, pois as necessidades do mercado mudaram e com elas mudam-se
também a maneira de se formarem indivíduos aptos para o pleno exercício
profissional.
No mercado de trabalho do passado as mudanças eram
relativamente lentas o que não exigia, por parte do operário, que ele se
aperfeiçoasse sempre de uma nova gama de conhecimentos para dar conta
de seu labor, mas na era da Revolução técnico-informacional as coisas
são diferentes, pois a agregação de novas tecnologias faz com que o
operário tenha sempre que lançar mão de conhecimentos com o qual,
provavelmente, sequer entrou em contato durante toda a sua vida escolar,
nesse sentido, será necessário, de acordo Luiza de Maria (2002, pag.
16):
Construir conhecimentos, não apenas lhes oferecendo condições
propicias para tal, mas também priorizando a autonomia enquanto condição
essencial para que elas, fora do espaço escolar, dêem continuidade ao
processo de aprender.
A autora aponta como uma provável solução para
essa problemática o investimento num trabalho maciço de
pós-alfabetização, um trabalho que seja capaz de colocar o aluno em
contato direto com a palavra escrita, que possa fazer do aluno um
produtor de textos e levá-lo a tomar gosto pela leitura e exercer seu
autodidatismo em toda a sua plenitude.
Para que a escola possa formar
alunos empoderados de autonomia suficiente para buscarem por si
próprios conhecimentos necessários a existência, será preciso que
professores de todas as séries entendam que ensinar uma criança a ser
produtora de textos não significa, apenas, ensiná-la a decodificar o
código lingüístico e sim fazer com que ela exercite a sua liberdade de
expressão através da escrita e da leitura. Segundo Luzia de Maria (2002,
pág. )
Mas do que nunca se cobra da escola que saia da posição de
simples “transmissora” de informações e assuma a formação de crianças
aptas a construir conhecimentos, não apenas lhe oferecendo condições
para tal, mas também priorizando a autonomia enquanto condição essencial
para que elas, fora do espaço escolar, dêem continuidade ao processo de
aprender.
O posicionamento de Luzia de Maria, a respeito do processo
de ensino-aprendizagem, encontra base teórica em muitos autores, dentre
eles Jean Piaget, que entende que a produção de conhecimento só pode
acontecer, de fato, de houver interação entre agentes cognitivos de
leitura e as informações que estão sendo propiciadas aos indivíduos, ou
seja, só pode haver aprendizado se o aluno estiver interessado naquilo
que lê, ouve ou que escreve.
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