São diversos os fatores, entre externos e
internos, que implicam nos resultados do ensino e no aproveitamento dos alunos,
por exemplo, o nível de instrução da classe docente, suas condições de trabalho;
as turmas demasiadamente volumosas em espaços pequenos demais para alguma
atividade que exija um pouco mais de mobilidade; o salário não muito atraente
para a classe docente o que faz com que muitos professores trabalhem em
diversas instituições e quase sempre em vários turnos, o que acarreta muitas
vezes no esgotamento físico e mental desses profissionais que se traduz na
falta de planejamento das aulas e na indisposição para lecionar.
Para muito além dos fatores internos que
contribuem e influenciam o resultado do aproveitamento dos alunos, há também de
se considerar os fatores externos que reforçam muitas vezes os problemas dos
fatores internos, já citados. Como exemplo podemos citar o caso de pais que
negligenciam o processo educacional de seus filhos, relegando á escola o papel
que lhes caberia por natureza.
Outro exemplo de um fator externo que
influi no aproveitamento dos alunos é o fato de que muitos estudantes vão para
escola mal-alimentados, por isso não conseguem assistir a aula com atenção
necessária e de modo satisfatório, de maneira que possam absorver o conteúdo
ensinado pelos professores. Esses mesmos estudantes que se alimentam mal,
também dormem mal, em condições precárias para se viver decentemente.
Alguns desses estudantes trabalham fora,
para contribuir na escassa renda familiar, quando não, trabalham em casa mesmo,
nos afazeres domésticos, cuidando muitas vezes dos irmãos mais novos e quase
não têm tempo para fazer o dever de casa e quando lhes sobra algum tempo
disponível já estão esgotados pelo cansaço do trabalho cotidiano. Eles não têm
em casa um ambiente que favoreça o aprendizado, o acesso à cultura letrada, o
apego ao conhecimento, pois não há quem os oriente nesse sentido.
Em linhas gerais, se tratam de estudantes
sem auto-estima e totalmente desmotivados, que não recebem nenhuma ajuda
financeira ou afetiva de sua família e que concebem a escola, muitas vezes,
como único lugar aonde podem fazer uma refeição decentemente. Essas não são influências
positivas para que se alcance o aprendizado.
É problemático tentar melhorar a qualidade
de ensino sem antes olhar para a estrutura desigual de uma sociedade em que
poucos têm muito e muitos têm pouco, ou quase nada. Para haver melhoria na
qualidade de ensino tem que haver primeiramente melhoria na qualidade da
aprendizagem, e isso vai muito além dos muros da escola, passa uma revisão de
projetos sociais e assistencialistas que dê a estudantes o suporte necessário
para os estudantes se tornarem, de fato, os verdadeiros sujeitos do conhecimento.
É
necessário que os docentes e estudantes tenham condições para ensinar e para
aprender. Aqueles precisam ter uma prática pedagógica eficiente e de qualidade
e estes para que tenham, sempre, contrabalançadas as necessidades advindas da deficiência
alimentar, emocional, artística, de estímulo e apoio familiar, para que possam dar
resultados satisfatórios em seu processo de aprendizagem.
Às
vezes o mau resultado dos alunos na escola, não significa necessariamente que o
ensino a eles ministrado seja de má qualidade. Seria um erro crasso colocar
toda culpa disso apenas nos ombros da escola e dos professores, pois já sabemos
que existem fatores preponderantes e que fogem a alçada da escola e até mesmo
dos órgãos públicos que cuidam da educação.
As autoridades públicas precisam valorizar
os profissionais da educação, e não se trata somente de professores, mas de
todos que compõe a escola, dando-lhes salários mais condizentes com a
importância de seus trabalhos. Uma educação de qualidade não faz distinção
entre ricos e pobres, negros e brancos, homens e mulheres. Uma escola de
qualidade pode ser pensada em termos de uma visão para além do próprio sistema
educacional.